Mal-entendidos históricos

Estamos acostumados a visualizar os vikings com seus célebres capacetes com chifres, mas eles não os usavam. Somente em 1800 que a imagem do vikings se popularizou, quando os artistas fizeram suas representações fictícias dos invasores.

Anotem: a grande muralha da China não é a única estrutura feita pelos humanos que pode ser avistada da Lua. Em verdade, dotada de reles nove metros de largura e em uma cor semelhante aos arredores, é vista com dificuldade da Lua.

Tudo isso foi por água abaixo quando em 2004, o primeiro astronauta chinês a ficar em órbita na Terra, Yang Liwei, declarou que a Muralha da China não era visível naquelas condições.

Outro equívoco é sobre os julgamentos dos acusados de bruxaria que não foram queimados na fogueira. Registrou-se que das vinte pessoas condenadas e executadas, dezenove foram enforcadas e, apenas uma, uma homem de oitenta e um anos fora esmagados até o óbito com pedras muito pesadas.

Os julgamentos das bruxas de Salém refere-se a uma série de audiências e processos de pessoas acusadas de bruxaria na cidade costeira de Salem (no Condado de Essex da Massachusetts colonial), entre fevereiro de 1693 e maio de 1694, tendo mais de duzentas pessoas acusadas, onde trinta  foram consideradas culpadas, mas apenas vinte foram executados, dos quais dezenove por enforcamento (catorze mulheres e cinco homens)  e uma mulher idosa por esmagamento com pedras.

Um outro homem, Giles Corey, foi pressionado até a morte por recusar-se a confessar, e  pelo menos cinco pessoas morreram na prisão.

Em 1992, por ocasião do 300º aniversário dos julgamentos em memória das vítimas, foi inaugurado um parque em Salém e um memorial em Danvers.

Em novembro de 2001, uma lei aprovada pela legislatura de Massachusetts exonerou cinco pessoas, enquanto outra, aprovada em 1957,  tinha anteriormente exonerado seis outras vítimas.

Em 2004, ainda se cogitava em exonerar todas as vítimas, embora alguns pensem que isso  aconteceu no século XIX, quando foi pedido à legislatura colonial de Massachusetts que revertesse os objetivos de "George Burroughs e outros".

Em janeiro de 2016, a Universidade da Virgínia anunciou que sua equipe do Gallows Hill Project havia determinado o local de execução em Salem, onde as 19 "bruxas" haviam sido enforcadas. A cidade dedicou o Proctor's Ledge Memorial às vítimas em 2017.

A primeira execução registrada de bruxaria foi a de Alse Young, em 1647, em Hartford, Connecticut. O historiador Clarence F. Jewett incluiu uma lista de outras pessoas executadas na Nova Inglaterra em seu livro de 1881

Antes do tumulto constitucional da década de 1680, o governo de Massachusetts havia sido dominado por líderes seculares conservadores puritanos.

Enquanto os puritanos e a Igreja da Inglaterra compartilhavam uma influência comum no calvinismo, os puritanos opuseram-se a muitas das tradições da Igreja da Inglaterra, incluindo o uso do Livro de Oração Comum, o uso de vestimentas do clero durante os cultos, o uso do sinal da cruz no batismo e o costume de se ajoelhar para receber a comunhão, que eles acreditavam constituir papismo.

O rei Carlos I foi hostil a esse ponto de vista, e os oficiais da igreja anglicana tentaram reprimir essas opiniões dissidentes durante as décadas de 1620 e 1630. Alguns puritanos e outras minorias religiosas haviam buscado refúgio na Holanda, mas no final muitos fizeram uma grande migração para a América do Norte colonial para estabelecer sua própria sociedade

Outro imbróglio diz respeito a construção das pirâmides egípcias que foram feitas, provavelmente, por escravos. Acredita-se que as tumbas descobertas nas proximidades das famosas pirâmides tenham pertencido às pessoas que trabalharam na construção das pirâmides, sugerindo que, afinal, não eram escravos.

Outra confusão envolve a pipa de Benjamin Franklin, um dos fundadores dos EUA que não descobriu a eletricidade. Aliás, a eletricidade já era bem conhecida na época, mas, Franklin estava apenas testando a natureza elétrica  do raio com seu experimento de pipa.

A estória de Cristóvão Colombo e o globo esférico... Também não provou que a Terra era redonda. A elite intelectual da Europa já sabia que a Terra era redonda desde a época de Aristóteles.

Outra erronia é quanto a expectativa de vida na Idade Média. A pessoa média vivia cerca de 64 anos, o que não é muito diferente de hoje (em alguns países). Os números da época foram fortemente distorcidos em face das altas taxas de mortalidade infantil.

Ao contrário da forte crença popular, Alexandre, o Grande, não teve o maior império contíguo da história. Essa honraria é merecida pelo Império Mongol dos séculos XIII e XIV que se estendia da Ásia Central até a China, Oriente Médio, Coreia e Europa Oriental até perto de Viena, na Áustria. Mas, reconhecemos que o império de Alexandre, o Grande foi o maior do mundo antigo.

A figura de Alexandre Magno (356 a.C. - 323 a.C.), ou Alexandre, o Grande, é uma das mais espetaculares da história humana.

Alexandre é considerado por grande parte dos historiadores como um dos maiores estrategistas militares do mundo antigo e o  edificador de um dos maiores impérios que o mundo já viu.

Alexandre era filho do rei Felipe II, da Macedônia, um reino que  ficava ao norte de Tebas; teve como preceptor o filósofo Aristóteles e foi um grande admirador de civilizações orientais,  em especial dos persas, com os quais travou suas batalhas mais importantes.

Alexandre faleceu em 323 a.C., ainda muito jovem, vítima de febre tifoide. Mas seu legado foi administrado por seus generais e os descendentes destes até a ascensão do Império Romano. Esse período que sobreveio à morte de Alexandre ficou conhecido como período helenístico.

Um mal-entendido mais recente diz respeito ao fato das tropas de Hitler ter sido derrotadas pelo inverno russo... No fundo, o enredo é mais complexo. Apesar de que havia realmente uma temperatura congelante e um terreno lamacento, a derrota nazista fora resultante de diversos erros táticos dos quais as tropas de Stálin aproveitaram ao máximo.

Outra lenda popular é a que diz que os inconfidentes lutaram pela independência brasileira. No século XVIII, quando a Inconfidência Mineira aconteceu, ainda não havia a noção do Brasil como nação. E, portanto, nao queriam libertar todos os Estados brasileiros sob o domínio da Coroa portuguesa. O movimento tinha particulares motivações na região de Minas Gerais, e atingiu, no máximo os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Outra falha é acreditar que Tiradentes era assim apelidado por ser dentistas. Aliás, por longo tempo, os médicos não mexiam nos dentes das pessoas e quem cuidava dos problemas dentários eram os barbeiros. E, assim, o pobre alferes cuidava dos dentes, mas não possuía o título de dentista.  

A palavra “dentista” para designar o profissional só surgira a partir de 1800, em ocasião muito posterior à morte do famoso inconfidente. Joaquim José da Silva Xavier, não apenas extraia os dentes como também os fabricava a partir de ossos de animais, e, ainda os implantava.

Ao contrário do mito popular vigente, a Imperatriz da Rússia (Catarina II) do século XVIII não morreu por ter relações sexuais com um cavalo. Em verdade, ela sofreu um derrame (AVC) e morreu tranquilamente em sua cama em 17 de novembro de 1796.

Catarina teve, realmente, uma grande quantidade de amantes homens durante toda sua vida, mas não existem evidências reais sobre suas supostas e bizarras tendência sexuais. A única coisa realmente pecaminosa que Catarina fez em todo seu tempo como governante foi cometer o adultério  e, foram muitas vezes.

Quanto ao estilo de vida dos indígenas norte-americanos não eram todos caçadores e coletores quando os ingleses chegaram. Embora alguns até fossem, a maioria já havia se desenvolvido em sociedades agrícolas.

A derradeira rainha da França, Maria Antonieta, jamais disse: deixe-os comer bolo ou brioches. Depois de ouvir os famintos camponeses franceses que não tinham pão. O responsável por esse equívoco foi Jean-Jacques Rousseau que incluiu a citação "deixe-os comer bolo", em sua autobiografia, embora a atribua a uma grande princesa não citada de forma específica.

O primeiro presidente dos EUA não derrubou a cerejeira de seu pai quando tinha seis anos, e depois se recusou a mentir sobre isso. A história foi usada para destacar a importância da honestidade como valor ético por muitos séculos. De fato, a lenda fora lançada pelo biógrafo Mason Loce Weems que estava atendendo a demanda de americanos ansiosos a aprender mais a respeito do herói da guerra revolucionária.

Não há evidências fáticas e históricas sobre o infame passeio a cavalo de Lady Godiva, que o fizera nua por Coventry para protestar contra os impiedosos impostos de seu esposo. Embora a mulher tenha implorado a seu marido Leofric, conde da Mércia, para reduzir os impostos, não está claro como surgiu a lenda do infame passeio a cavalo.

O grande incêndio de Chicago de 1871 não fora iniciado pela vaca da senhora O'Leary quando chutou uma lâmpada.  O boato começou depois que o repórter local Michael Ahern publicou uma alegação de que o incêndio começou quando uma vaca chutou uma lanterna, enquanto estava sendo ordenhada. Ahern mais tarde admitiu que inventou a história.

Questiona-se: O Imperador Nero realmente tocou violino enquanto Roma ardia em chamas? Não. Em verdade, sequer o violino fora inventado. Mas, há algum suporte para a tese de que Nero nivelou a cidade de propósito.

Nero aparece como chave para uma resposta ainda debatida entre especialistas e historiadores. Conhecido como imperador tirano e autoritário, Nero ascendeu ao poder em Roma com apenas dezessete anos de idade e, desde então, conviveu com as várias artimanhas e conspirações que rondavam seu alto posto.

 Ao mesmo tempo em que vivia com a ameaça de seus opositores, ele ficava conhecido pelos gastos excessivos, realizava grandes orgias e promovia outras ações exageradas, que lhe atribuíram a figura de um imperador fortemente questionado.

Sobre o terrível incêndio, muitos diziam que teria sido mais um dos frutos da mente perturbada e manipuladora de Nero. Para alguns, ele havia ordenado secretamente  o incêndio criminoso para somente embelezar algumas partes da cidade de Roma que não o agradavam.

Para outros, a mesma ação desastrosa seria executada com  o objetivo de incriminar os cristãos, que não se submetiam ao reconhecimento o imperador como uma figural passível de devoção religiosa.

Além disso, os relatos que diziam que Nero tocava displicentemente sua harpa enquanto a cidade ardia em chamas, contribui para a falência moral de sua imagem.

Contudo, uma nova interpretação historiográfica visa empreender outra leitura que se afasta do encontro de tão vil governante.