Forças as palavras a exprimir
mas sua alma está calma
está plácida
Forças os fonemas a
sair de sua garganta
seca
as sílabas se atiram no
abismo das horas
E giram loucas
e compõem frases,
parágrafos,
romances.
Snipers são justiceiros.
Bandidos são heróis ocasionais.
Ninjas são explícitos
em sua arte mortal.
Compassada e com visgo natural.
Forças as palavras a confessar
aquilo que sua face disfarça.
Cometes gafes.
Erros catatônicos.
Tropeças sobre a sintaxe.
E num ballet esquisito.
E numa pantomima
exclusiva entre mãos e tiranos.
Elas revelam eles.
Eles revelam elas.
Mas eu nada revelo
Eu supero.
Eu, como títere.
Não sou Pinochio.
Não sou Gepeto.
Sou o afeto que fez do boneco
um filho.
E, do acaso que fez o drama.
Amar tudo.
Amar a todos.
De olhos fechados
e corações abertos.
Amar furtivamente
Na calada da noite.
No berço da madrugada.
Amar e desamar
Num ciclo paradoxo
e constante.
Forças a palavra,
a porta de entrada,
a tramela está posta.
A verdade está atravessada
atrás de tudo.
Por vezes, imperceptível.
Por vezes, casual e imprudente.
Como a vontade de superar-te.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/09/2017
Alterado em 21/11/2017