"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos

Gritando por nós
o grito
é o desatino da palavra,
da voz..

o grito
é a exarcebação do verbo
que se alça ao infinito
num mergulho suicida
E mesmo assim volta...

o grito relembra nossos medos,
nossas infâncias
a sombra que se projeta para além da visão

O lado negro e confuso
dos que desesperadamente falam,
invadem de fonemas o cenário
na busca de socorro ou compreensão

As crianças gritam lá fora,
a carências urram no peito
uma ausência animalizadora
de quem busca incessantemente que os ame

como buscassem um lenitivo inédito
e difícil
as crianças gritam e choram
mais que outrora
Mas nem há mais piedade no mundo


A compreensão matemática dos afetos
se transtornaram numa estranha inequação
num obtuso egoísmo
de trevas,
e a incompreensão,
e solidão se agigantam entre os homens

que produzem guerras, mosntros,
catástrofes,
destruição
quando nem mesmo um grito se ouvirá
haverá então um profundo e infinito silêncio
Todos se mataram como insetos

Os mesquinhos definitivamente não exercitam
o verbo dar
com medo de lhe faltarem
aquilo que mormente
dão...
é que não sabem
que toda sua avareza, e toda sua pobreza
paradoxalmente deve ter tido a origem
em algum
mesquinho fazer...

Não sabem dar e, também não sabem receber
e vivem com migalhas
sentindo-se milhardários
com a própria vileza num microcosmo.

O grito lá fora na manhã quase
azul
torna cianótica minha visão
o grito novamente,
agudo estridente,
o verbo desesperado, a paixão,
a sangria desastada
dos nós que não se fecham jamais...

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/03/2007
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