Lá fora faz frio.
Há a miséria dos famintos.
Há a miséria dos "sem-casacos".
Sem dignidade.
Não há chance de sobrevivência.
Choramos, clamamos e, nada.
O silêncio leniente nos faz cúmplices.
Poderão gritar.
Poderão empunhar espadas.
Utilizar escudos.
Armas de fogo.
Armas nucleares.
Bombas explodem misérias múltiplas.
E, a paz não veio.
Lá fora faz frio.
O vento revela os segredos das guerras.
O acaso violenta a lógica em público.
A praça de guerra.
A trincheira de guerra.
A palavra paz fenece na boca de políticos.
Lá fora faz frio.
Inocentes morrem.
Coniventes também.
Reticências filosóficas não preenchem o tempo.
Fica a sensação de fracasso e de vazio.
Animais impuros matam outros animais.
Reina a devastidão.
Depois... sem escravos ou vassalos.
Do que adianta ser o imperador?
Do que adianta o poder sem ter regalias.
Sem ter a empáfia da vaidade...
Lá fora o sol é tímido.
Noites longas azucrinam consciências.
Perplexidades intensas paralisam.
Amanhã, aguardaremos a paz
que não construímos.
É mais um sonho que desaparece nas
brumas do tempo.