"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


Entreabertas perspectivas.


Grace era uma menina bem-nascida. O pai era um industrial famoso e a mãe uma socialite fútil e vaidosa. Seus avós também burgueses viviam viajando pelo mundo. E, estavam morando na Irlanda, em Dublin. Já os avós maternos estavam em  Portugal, recordando-se da "terrinha". Grace era filha única, com quatorze anos, estudava num prestigiado colégio religioso administrado por freiras, era um internato. Afinal, era importante investir na educação dela. Vinha em casa a cada quinze dias. Passava um ou dois dias e voltava... Por vezes, ia apenas para conviver com os empregados que zelavam pela mansão. Em sua adolescência, o culto à estética, à beleza e ao hedonismo era absolutamente obrigatório. Seus olhos azuis brilharam quando descobriu um alçapão que continha um móvel repleto de gavetas. Só uma estava entreaberta... lá havia uma certidão de nascimento de uma menina chamada Gracilda, nascida no mesmo dia, mês e ano de Grace. Era um documento envelhecido e amarelado. Não entendia o porquê daquele documento escondido. Fechou tudo. Deixou tudo onde estava. E, voltou para o quarto, para interagir com as colegas pelo whatsapp... Naquela gaveta entreaberta, qual fato se revelava... Não fazia a menor ideia, e sua vaidade extrema não lhe permitia o tormento. As horas passaram e, retornou ao colégio. A rotina draconiana de estudar, exercitar-se e, principalmente, sobreviver a falta de afeto e atenção dos pais e do resto da família. Talvez, o coração fosse um deserto e, o único oásis consistia nas aulas de piano... quando entre sustenidos e bemóis descobria a beleza dos sons e, o oceano dos sonhos. Quem sabe a Gracilda que se tornou Grace teria sobrevivido as entreabertas perspectivas...

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/05/2025
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