Corrupção


Infelizmente, no século XXI nosso país tornou-se solo fértil para o estudo da corrupção. Embora fosse tema recorrente em nossa história republicana, a percepção da corrupção tornou-se cotidiana nas décadas que inauguraram o século XXI. Desde o Mensalão, as eleições nacionais trouxe muitos fatos intrigantes e explodiu na virada de 2006 o ano de eleição presidencial. Tema que é prevalente dentro da agenda eleitoral pátria e se repetiu em 2010 e 2014, e, particularmente, em 2018.
As últimas duas décadas, a corrupção assumiu ares frugais e mesmo diante dos protestos populares impulsionados pela ideia de acesso à cidade, e participação política direta, as manifestações foram convertidas em mobilizações anticorrupção. Entende-se que por anticorrupção é antissistema. Tanto que em 2013 verificou-se a tendência de se reconhecer que a corrupção é sistêmica, que ultrapassava em muito de mera malversação pessoal de recursos públicos e os abusos processuais cometidos por pessoas.
O próprio Estado brasileiro traçou a lógica de que seria preciso ultrapassar a personificação das relações de poder, indo além de comportamentos individuais. Tanto que a Lei 12.846 estipulou a responsabilização judicial das pessoas jurídicas por atos contra a Administração Pública nacional e estrangeira. A corrupção é mensurável tanto por ações como por omissões, igualmente, no funcionamento de corporações, associações e sociedades empresariais.
A corrupção passou a ocupar sociólogos, historiadores, cientistas políticos, juristas, antropólogos, economistas e jornalistas que denunciaram os modelos intelectuais herdados das gerações anteriores. A corrupção, enfim, consistia em condutas desviantes, em falhas individuais no cumprimento da norma estatal, provocando escândalos políticos que se alastravam pelas democracias ocidentais no chamado Primeiro Mundo da cultura.
A corrupção resta enraizada em contradição entre o público e o privado que cresce feito espécie invasora, proliferando como uma espécie predadora do patrimonialismo, do nepotismo e do clientelismo.