Inerte
Na minha inércia
há o silêncio-monumento.
Palavras crocantes e coloridas.
Pontuação inexistente.
Respiração interrompida.
Na minha inércia
Minha infância passa como um filme
Low-profile.
Fui uma criança diferente
Minhas brincadeiras questionavam tudo.
O azul do céu e a raiva do vizinho.
Algumas pessoas me assustavam.
Outras passavam feito o vento.
E, outras tantas
eram apenas guerra, pólvora e destruição.
Conheci a misericórdia.
Questionem os motivos íntimos.
Entre no ciclo perguntador.
Mas, na inércia nada acontecia.
Construía um mundo particular.
De portas invisíveis.
De cofres indecifráveis.
De poesia estática.
A rima mágica.
A ginga trágica
O poema frágil
a derreter-se publicamente.
Algumas pessoas, eram parte da poesia.
Outras, eram a oposição.
Eu, a margem de tudo.
Em inércia transcendental
percebia a curva,
perdoava a reta
que conhecia o infinito
e eu, na inércia
morria de inveja.
Inerte.
Silente
Titãs, sereias e dragões.
E, tudo que queria
era ser apenas humana
caucasianamente humana,
etnicamente humana,
religiosamente humana.
Como se fosse possível
escapar da irremediável natureza
do ser...
Escapar da combustão.
da explosão,
da mediação
interminável do inerte.
Reticências
Confidências sufocadas
em linhas tortas.