Para não morrer
Semeia a terra.
Colhe a fruta.
Acolhe um animal
Erguei uma parede.
Blasfemai aos céus.
Chores a beira da sepultura.
Faça um gesto ao desconhecido.
Abrigue com paz os perdidos
sentimentos que vagueiam
numa alma profunda e labiríntica.
Escreva um livro.
Rasgue uma carta.
Amai tudo e todos.
Depois, odeie alguns.
Amar e desamar
Abras portas
Fechai as janelas.
Sorva o silêncio
Esculpai fonemas
na consciência sóbria
Depois tome um porre.
Beba todas as falas do mundo.
Todos os romances batidos
Clichês e bregas.
Chore.
Murmure.
Mas, em tudo isso.
Espalhado ao longo da vida.
Há um pouco de ti...
em cantos, recantos e solfejos.