A salvação.
Em apenas uma hora caiu um dilúvio, a rua conheceu mais de um metro e meio de água. Invadiu casas, vilas, comércio, ruas e estradas. Na vizinhança, a família Monteiro era muito católica e tradicional. Claus era vizinho da família Monteiro, assumidamente gay, cabelereiro e, uma pessoa corajosa. Claus chegava em casa no começo do temporal... e, se assustou ao ver que um carro adentrara a uma das casas da vila. Justamente a da família Monteiro. E, ouviu um som abafado da idosa, a matriarca dos Monteiros, Dona Cecília... Clamava: - Socorro, me tirem daqui! Claus lembrou-se da idosa na casa e, mesmo sob a tempestade foi lá salvar a Cecília...
Carregou-a nos braços e, colocou-a salvo. A idosa chorava copiosamente. Não entendeu o porquê um carro havia
adentrado à varanda e sala adentro da casa dos Monteiros. Enfim, mas ocorreu. Além de um metro e meio de água, havia a correnteza da água que puxava tudo com grande violência e rapidez. Quando chegaram os demais membros da família Monteiro para agradecer a Claus por salvar Cecília. Paulo, o filho mais velho da idosa, envergonhado afirmou:- Puxa, eu tinha cisma com você, por você ser gay. Mas, você é um notável ser humano. E, eu, um preconceituoso idiota. Perdoa-me. Claus, sem jeito, falou: - Deixe para lá... É comum a aversão aos gays. Estou acostumado. E, Paulo, de pronto atalhou: - Não é justo julgar uma pessoa por sua opção sexual... Enfim, da tragédia do dilúvio saiu uma lição de vida... Aprende-se com a dor. Aprende-se com a consciência e, principalmente com humildade.