Guerra não declarada

Algumas cidades, em face do elevado grau de violência vivenciam uma guerra civil não declarada. A janela teve o vidro quebrado por conta de um tiro de fuzil. A casa não era dentro da favela mas foi alvejada mesmo assim... Luiz e Luzia eram casados há mais de duas décadas. Ele médico e, ela enfermeira. Trabalhavam muito. Tinham um filho chamado André. Certo dia, durante uma operação policial um bala de fuzil acertou a janela da casa do casal. Só estava em casa André com cinco anos e sua cuidadora, uma moça com dezoito anos. Felizmente, só produziu danos materiais. Mas, André estava brincando perto da janela. Os pais das criança ficaram preocupados... mas quando foram a Delegacia Policial, o escrivão relatou que o fato é normal pois, existem facções criminosas e milicianos disputando territórios e poder. Luzia ficou boquiaberta enquanto Luís ficou revoltado. Luís interpelou então o delegado: - Doutor, como assim não há nada a fazer para proteger nossa casa, nossa janela e nossas vidas? O Doutor Armênio Sisson, delegado titular, inclinou-se e respondeu: - Cidadão médico, eu lhe pergunto: será mesmo possível, salvar a todos que buscam o médico seja no tratamento ou numa emergência? Claro que não... Não há efetivo suficiente para combater tão competente criminalidade. Então, Luís, saiu desaminado da delegacia. Olhou para sua esposa, Luiza e, disse: - Querida, vamos eliminar aquela janela dos fundos. Afinal, ela vive mesmo quebrada... Luíza sorriu amareladamente, e disse: - Sim, que jeito né? ( risos)... Uma quase tragédia nos faz refletir sobre toda ambiência bélica e violenta em que vivemos... acho que precisamos ser blindados.