"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


Tipos narrativos

 

Tipos narrativos

 

 

A narração é um dos gêneros literários mais prestigiado e, atualmente existem diversos tipos de textos narrativos que comumente são produzidos e lidos por muitos. Entre os tipos de textos mais conhecidos são: romance, novela, conto, crônica, fábula, parábola, apólogo, lenda entre outros.

Destaque-se que o objetivo do texto narrativo é contar algum fato. E, o outro objetivo é servir como informação, aprendizado ou entretenimento. Se não galgar tais objetivos, a narrativa perde seu valor.

O romance é um tipo de narrativa que possui núcleo principal, assim outras tramas vão se desenrolando ao longo do tempo em que a trama principal aconteceu. É texto notadamente longo, tanto na quantidade de eventos narrados, quanto o tempo em que se desenrola todo o enredo.

Já a novela é, muitas vezes, confundida em suas características com o romance e com o conto, é uma narrativa menos longa do que o romance e, possui somente um núcleo, em geral, é uma narrativa que acompanha a trajetória de apenas uma personagem. Realmente, em comparação ao romance, se utiliza menores recursos narrativos e em comparação ao conto tem maior extensão e uma quantidade maior personagens.

Cabe lembrar que a telenovela é uma diferente narrativa, advém dos folhetins, que no passado eram publicados em jornais. O romance provém da história, das narrativas de viagem, sendo herdeiro da epopeia. Por sua vez, a novela, provém do conto, de uma anedota, e tudo nesta se encaminha para a conclusão.

O conto é uma narrativa curta, o tempo que se passa é reduzido e contém poucas personagens que vivem em função de um núcleo. É o relato de uma situação cotidiana na vida das personagens, porém, não é comum que ocorra com todo mundo. Pode ter um caráter real ou fantástico da mesma forma que o tempo pode ser cronológico ou psicológico.

Um conto brasileiro famoso é "Pai contra Mãe", de Machado de Assis. A história está no livro "Relíquias da Casa Velha", de 1906, e reflete sobre a escravidão no Brasil. Refere-se a um dos contos mais  pesados do autor, pois o tema é o período da escravidão no Brasil. Começando com o famoso trecho “a escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais [...]”, Machado mostra diferentes métodos usados pelos senhores de escravos para “educá-los” de seus “vícios” e explicita a dura realidade enfrentada pelos escravos que tentavam fugir de seus locais de trabalho forçado. “Pai Contra Mãe” se passa no Rio de Janeiro, nos fins do Segundo Império.

O conto inicia-se com uma explicação por parte do narrador acerca de algumas atividades e produtos relacionado ao período da escravidão no Brasil, principalmente aqueles que serviam para repressão e castigo de negros que tentavam fugir, mostrando artefatos tenebrosos, como coleiras de ferro, máscaras de ferro e outros utensílios de castigo físico.

A crônica é, as vezes, confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a crônica narra fatos cotidianos, relatando o viver das pessoas, situações que presenciamos e, até prevemos segundo o desenrolar dos fatos. É peculiar a crônica a utilização de ironia e sarcasmo. A narrativa centra-se num curto intervalo de tempo.

A principal diferença entre ironia e sarcasmo está no conteúdo e na forma como são utilizadas, além da intenção do autor: Ironia é uma figura de linguagem que expressa o oposto do que se quer dizer, mas de forma mais sutil e moderada. A ironia é mais usada para fazer críticas, e pode ser mais leve ou menos óbvia.

Já o sarcasmo é um tipo de ironia mais malicioso e agressivo, com o objetivo de provocar, desprezar, ofender ou zombar de alguém ou algo. O sarcasmo é mais explícito, tanto no conteúdo quanto na forma, e pode ser percebido quase imediatamente. A ironia é mais usada e facilmente aceita do que o sarcasmo, que pode ser relacionado à falta de educação e má intenção.

 A primeira crônica com sentido de narração histórica, no Brasil, foi a Carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, relatou ao rei D. Manuel os detalhes da chegada ao Brasil em 1500.

Ciao é a última crônica de Carlos Drummond de Andrade, publicada no dia 29 de setembro de 1984, no Caderno B do Jornal do Brasil. Nela, o poeta se despede dos leitores, seus companheiros de café da manhã.

Em 29 de setembro de 1984, quando o poeta já contava com 81 anos de idade, publicou seu derradeiro texto nas páginas do Caderno B do Jornal do Brasil. À crônica deu o sugestivo nome de Ciao e nela se despedia definitivamente dos leitores, seus companheiros de café da manhã. Assim como todas as outras e a despeito do tempo, matéria-prima de uma crônica, Ciao possui um inestimável valor literário e histórico, afinal de contas, era Drummond, considerado o maior poeta brasileiro do século XX, em seu último ato como cronista.
Sua derradeira frase é marcante: "Aos leitores, gratidão, essa palavra-tudo."
A fábula é semelhante ao conto em seu tamanho e estrutura narrativa. Porém, o objetivo do texto é dar algum ensinamento, traduzindo uma moral. Outra diferença é que as personagens são animais, mas características de comportamento e socialização bem semelhante a dos seres humanos.

Existem várias fábulas famosas, entre as quais se destacam:
A cigarra e a formiga:  Uma das fábulas mais conhecidas, conta a história de uma cigarra que passava os dias a cantar no verão, enquanto a formiga trabalhava para estocar mantimentos para o inverno. 
A lebre e a tartaruga:  Uma das fábulas mais conhecidas de Esopo. 
O leão apaixonado Uma fábula engraçada que ensina que quem perde a cabeça por amor acaba mal. 
O galo e a pérola:  Uma fábula que mostra que o que é importante para uns pode ser inútil para outros. 
A rã e o boi:  Uma fábula que aborda sentimentos humanos como a inveja, a ira e a cobiça. 

A fábula A rã e o boi conta a história de uma rã que, com inveja do tamanho de um boi, tenta inchar a sua pele para ficar maior. A rã se esforçou tanto que acabou rebentando.  A moral da história é que quem tenta parecer maior do que é acaba se arrebentando. A fábula também ensina a importância de ter noção de quem se é e, de aceitar as diferenças como algo único e rico.  É baseada na obra de Esopo e aborda sentimentos humanos como a inveja, a ira e a cobiça. As fábulas são histórias com caráter educativo, que utilizam analogias com o cotidiano para transmitir ensinamentos. A mensagem educativa de uma fábula é chamada de moral da história.

A parábola é versão da fábula com personagens humanas. Sua finalidade é a mesma da fábula, ou seja, aprendizagem. Sendo utilizadas situações do dia a dia das pessoas.

Existem várias parábolas famosas de Jesus, entre elas: A Parábola das Dez Virgens: uma das parábolas mais conhecidas de Jesus, que aparece em Mateus 25:1–13. A parábola conta a história de cinco virgens que se preparam para a chegada do noivo, e que são recompensadas, enquanto as outras cinco são excluídas do banquete de casamento. 
A Parábola do Bom Samaritano:  uma parábola do Novo Testamento que aparece em Lucas 10:25–37. A parábola ilustra a importância de aplicar a compaixão a todas as pessoas, e de cumprir o espírito da lei judaica. 

O apólogo é semelhante à fábula e à parábola, mas pode usar as mais diversas alegorias e personagens que podem ser animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ou não. Ilustra sempre uma lição de sabedoria.

Um exemplo de apólogo curto é a história "Um Apólogo", de Machado de Assis, que conta a história de uma costureira que ajuda uma baronesa a se vestir para um baile: A costureira dobra a costura para o dia seguinte, e continua até que a obra está pronta no quarto. Na noite do baile, a costureira ajuda a baronesa a se vestir, levando uma agulha espetada no corpo para dar alguns pontos. A costureira, ao puxar o vestido da baronesa, pergunta à agulha quem vai ao baile. Um alfinete, mais experiente, diz à agulha para aprender e não abrir caminho para a baronesa.

Anedota: é um tipo de texto produzido com o objetivo de motivar o riso. É geralmente breve e depende de fatores como entonação, capacidade oratória do intérprete e até representação. Nota-se então que o gênero se produz na maioria das vezes na linguagem oral, sendo que pode ocorrer também em linguagem escrita.

Em exemplo de anedota: Uma garota foi ao médico para perder uns "quilinhos". Após um exame minucioso, ele disse: — Você pode comer de tudo por dois dias; depois, pule um dia e volte a comer normalmente por mais dois; pule outro dia e assim por diante, durante o mês inteiro. Se seguir à risca, você vai perder pelo menos cinco quilos. — No início do mês seguinte, ela retornou ao médico, 15 quilos mais magra. — Incrível! Vejo que você seguiu minhas instruções rigorosamente. Parabéns! — Obrigada, doutor. Mas fique sabendo que eu quase morri! — De fome? — Não! De tanto pular!

Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais, sendo assim a realidade dos fatos e a fantasia estão diretamente ligadas. A lenda é sustentada por meio da oralidade, torna-se conhecida e só depois é registrada através da escrita. O autor, portanto é o tempo, o povo e a cultura. Normalmente fala de personagens conhecidas, santas ou revolucionárias.

Algumas das lendas mais famosas do folclore brasileiro são: Boitatá: Uma grande serpente de fogo que não apaga suas chamas, nem mesmo dentro da água. É uma das lendas mais antigas do país, presente na cultura tupi. 
Cabeça-de-cuia: Um homem magro e alto que vive no rio Parnaíba, no Piauí. Seu nome vem do formato de sua cabeça, que lembra uma cuia. 
Curupira: Um dos personagens mais populares do folclore brasileiro. 
Saci-pererê: Um dos personagens mais populares do folclore brasileiro. 
Mula sem cabeça: Um dos personagens mais populares do folclore brasileiro. 
Lenda da bacaba: Uma lenda indígena do Amapá que conta como surgiu a palmeira da bacaba. 
Lenda da casa das 365 janelas: Uma lenda da região Centro-Oeste que fala sobre uma mansão com 365 janelas. 

A lenda da Casa das 365 Janelas é uma lenda urbana de Goiás que conta a história de um comendador que mandou construir uma mansão com 365 janelas, uma para cada dia do ano:  O comendador Joaquim Alves de Oliveira era um dos homens mais ricos de Goiás no século XIX.  Ele mandou construir um palacete com os melhores materiais, acabamentos em ouro e lâmpadas de cristal.  Após a morte do comendador, sem deixar herdeiros, os habitantes da cidade invadiram a mansão para saqueá-la.  Eles levaram copos, pedaços do piso, janelas e outras partes da residência. Segundo a lenda, as pessoas usaram esses pedaços para construir os próprios lares.  A alma do comendador não gostou e, furioso, ele vagueia até hoje pela cidade em busca da sua casa.  Muitas pessoas contam ouvir os seus passos furiosos durante a noite.  A história que envolve essa construção não tem registros históricos.
Lobisomem: Um homem que se transforma em lobo a cada noite de lua cheia, após ter sido mordido por um lobo

Estes acima citados são os mais conhecidos tipos de textos narrativos, mas podemos ainda destacar uma parcela dos textos jornalísticos que são escritos no gênero narrativo, muitos outros tipos que fazem parte da história, mas atualmente não são mais produzidos, como as novelas de cavalaria, epopeias, entre outros. E, ainda as muitas narrativas de caráter popular (feitas pelo povo) como as piadas, a literatura de cordel, etc.

A lenda do lobisomem é uma crença popular que conta a história de um ser que é parte homem e parte lobo, que se transforma em lobo durante as noites de lua cheia. A lenda tem várias versões, mas alguns elementos são comuns: 
A transformação acontece por causa de uma maldição, chamada de licantropia;  A maldição pode ser resultado de um pacto com o diabo; A maldição pode ser transmitida de pai para filho; A pessoa que é mordida por um lobisomem e sobrevive, também se transforma em lobisomem;  O lobisomem é vulnerável a objetos de prata ou a balas de prata;  O lobisomem se alimenta de sangue;   Quando volta à forma humana, o lobisomem fica fraco e deprimido.  A lenda do lobisomem é conhecida em todo o mundo e foi trazida para o Brasil pelos portugueses. 

A narrativa na teoria da literatura é o ato de contar uma sequência de fatos interligados, normalmente com um começo, meio e fim. A teoria literária é o estudo dos princípios e métodos para analisar e criticar obras literárias. 
A narrativa é um dos gêneros literários mais antigos e populares, presente em diversas formas e mídias, como o romance, o conto, a novela, o cinema, a televisão, os quadrinhos, os jogos, entre outros. 

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/01/2025
Alterado em 01/01/2025
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