"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


 

Considerations on the Cold War

 

 

Resumo: A Guerra Fria foi um conflito político e ideológico entre os Estados Unidos e a União Soviética, que durou de 1947 a 1991. O termo "Guerra Fria" se deve ao fato de que não houve um conflito armado direto entre os dois países, devido ao medo de uma destruição em massa em caso de uma batalha nuclear.  A sua influência na política, na filosofia e no Direito foi notável. Particularmente no Direito Internacional. A guerra foi chamada de fria porque não houve verdadeiramente uma guerra ou conflitos diretos armados entre os EUA e a URSS, dada a inviabilidade de uma vitória em batalha nuclear. A corrida armamentista resultou na construção de grande arsenal de armas nucleares foi um dos maiores objetivos durante a primeira metade da Guerra Fria. Conforme Nye, o comunismo foi perdendo legitimidade ao longo da Guerra Fria, na medida em que as ações autoritárias dos líderes soviéticos foram sendo descobertas. Com a disseminação de valores liberais e de noções de direitos humanos, o regime foi perdendo apoiadores.

Palavras-chave: Guerra Fria. Direitos Humanos. Liberalismo. Neoliberalismo. Ideologia. Disputa ideológica.

 

 

Abstract: The Cold War was a political and ideological conflict between the United States and the Soviet Union that lasted from 1947 to 1991. The term "Cold War" is due to the fact that there was no direct armed conflict between the two countries, due to the fear of mass destruction in the event of a nuclear battle. Its influence on politics, philosophy and law was notable, particularly in international law. The war was called cold because there was no real war or direct armed conflict between the USA and the USSR, given the impossibility of a victory in a nuclear battle. The arms race resulting in the construction of a large arsenal of nuclear weapons was one of the main objectives during the first half of the Cold War. According to Nye, communism lost legitimacy throughout the Cold War, as the authoritarian actions of the Soviet leaders were discovered. With the spread of liberal values ​​and notions of human rights, the regime lost supporters.

Keywords: Cold War. Human Rights. Liberalism. Neoliberalism. Ideology. Ideological dispute.

 

Sem dúvida, o ano de 1945 foi estranho. Uma guerra mundial que durou seis anos termina, enquanto outra guerra começa e vai durar quarenta e quatro anos.  Nesses nefastos dias, a aviação norte-americana destruiu, utilizando pela primeira vez a bomba atômica, destruindo as cidades japonesas de Hiroshima[1] e Nagasaki.

Em poucos segundos, as bombas mataram cerca de cento e vinte mil pessoas e feriram ainda um número maior de pessoas. Danos irreparáveis ao meio ambiente que resultara um traumatismo mundial. A partir daí, o mundo viveu à sombra e à espera de um apocalipse nuclear.

Questionou-se se o assassinato em massa era mesmo necessário para que sinalizasse que os Aliados venceram as potências do Eixo.

No início de agosto de 1945, os alemães já tinham se rendido há vários meses e, os japoneses restavam apenas capitular. Em poucas semanas, dissipou-se totalmente alguma resistência. Porém, a partir de maio tudo mudou.

Com suicídio de Hitler, os EUA acreditaram ter acabado com o nazismo, ledo engano. Por um engano na interpretação dos fatos, devido ao desejo de esquecer a sua parte na Shoah, os ocidentais decidiram minimizar a importância do nacional-socialismo. Holocausto ou Shoah (palavra hebraica que significa literalmente, destruição, ruína, catástrofe, é termo usado para denominar o fenômeno de destruição sistemática, perseguição, exclusão socioeconômica, expropriação e trabalho forçado, tortura e extermínio de seis milhões de judeus.

Ao invés de reconhecê-lo como expressão política exacerbada pela organização burocrática e técnica do Estado moderno, dotado de uma obsessão pela pureza racial e no antissemitismo, cujas raízes estão plantadas na cultura ocidental, mas preferiram enxergar a patologia de Hitler ou a história local como a Alemanha dos anos 20[2].

A partir de maio de 1945, o nazismo cuja sobrevivência após o desaparecimento de Hitler, não era esperada. Deixou bruscamente de ser o inimigo principal do chamado “mundo livre”. Doravante, o antigo inimigo fora substituído por outro: o comunismo. Tanto o comunismo oriental quanto o regime existente na URSS e dotado de propostas ideológicas e revolucionárias auspiciosas.

Foi diante do avanço das tropas soviéticas no oeste da Europa, diante da ascensão da insurreição maoísta, a administração ianque apressou-se em reagir. Por isso, decidir desferir grande golpe, não somente para terminar os combates no Oceano Pacífico. Mas, também para enviar um inesquecível aviso os soviéticos.

Dest forma, a bomba de Hiroshima é, simultaneamente, o último ato da guerra contra o Eixo e, o primeiro gesto no conflito em novo conflito que passou a se denominar “guerra fria”. A nítida divisão do mundo capitalista e o mundo comunista.

Foi graças à referida divisão pode a Europa viver, durante meio século, uma espécie de “paz armada”[3], combinada de comum acordo entre as duas grandes superpotências, a norte-americana e a soviética.

A guerra fria de extensão planetária e que findou com a queda do Muro de Berlim, o maior símbolo da divisão imposta à Alemanha vencida.

Não hesitaram as superpotências em confrontar-se militarmente, na Coréia[4] e no Vietnã[5], na África e na América Latina. A guerra fria, infelizmente, não foi tão fria em todos os lugares. E, causou muitas vítimas em países em desenvolvimento por ocasião de conflitos locais e de resultado incerto e que não serviram para nada. Salvo a manutenção da pressão e ainda impedir que os países tivessem como obter suas arrancadas econômicas.

A garantia da paz e de segurança de uma Europa então cortada em dois pedaços, a guerra fria foi uma tragédia nutrida por absurdas rivalidades políticas, ideológicas o que conduziu à miséria e a ditadura.

A guerra fria no Ocidente que triunfou nos anos 60, a sociedade de consumo. Entre os pensadores e filósofos, alguns resolveram ignorá-la, seja porque não os perturbou, seja porque entenderam que a filosofia não tem que se meter na história. Outro ledo engano.

Havia uma tríplice façanha composta de esquecimento de Auschwitz[6], ignorar a cortina de ferro e, ainda, não enxergar os dramas constantes do Terceiro Mundo[7], se comportaram como a razão não tivesse utilidade para a ação e nem a filosofia não tivesse a ver com os fatídicos desígnios sociais.

Acreditava-se que o único futuro possível residia na exploração da subjetividade ou dos procedimentos formais do discurso científico.

De fato, a referida época pareceu ser mui pacífica, alguns herdeiros da fenomenologia e ainda aos adeptos da análise lógico-linguística. Alguns terão polêmicas ocasionais com os outros. Porém, todos entenderam a necessidade de preservar sua reflexão profissional de todo contato com o mundo.

Nesse contexto, outros tomarão partido e escolheram seu campo, não como homens de ação, mas, igualmente como filósofos convencidos de suas posições teóricas sobre a natureza do espírito ou sobre o funcionamento da ciência, e comandaram engajamentos pautados na ética e na política.

Entre tais pensadores situam-se os defensores do liberalismo ocidental (Popper, Aron), mas também um filósofo par quem a liberdade será mais importante do que o liberalismo (Sartre), outro que se dedicou a vida inteira para encontrar o famoso “terceiro caminho”(Marcuse[8]) e, outro ainda que acreditava ser possível salvar o marxismo, dando-lhe novo sentido (Althusser[9]).

Porém, em algum momento, todos enfrentaram o desmentido que a realidade se encarregou de infligir, em graus mais ou menos graves, diante de suas esperanças e às suas teorias.

Por ironia, o principal formador de opinião no Ocidente durante toda a guerra fria, Sir Karl Popper, foi ele próprio um ex-comunista, encarnado o personagem de comunista arrependido, cuja figura, depois da insurreição húngara de 1956, se tornará cada vez mais frequente entre os intelectuais.

Para captar a lógica de todo esse itinerário político, basta recordar os relatos que foram deixados na autobiografia de Popper, “A busca inacabada” (1974), ou nas primeiras páginas de “A lição deste século” (1992), e ainda uma entrevista concedida dois anos de sua morte, ao jornalista Giancarlo Bosetti.

Popper foi um jurista apaixonado pela história social e se deliciou com obras de Marx, Lassalle, Kautsky e Bernstein. Tinha apenas quatorze anos quando lei o primeiro livro sobre socialismo. E, quando começou a Primeira Grande Guerra Mundial[10] abraçou a causa da paz. O que motivou a aliança austro-alemã que era indefensável.

Após a queda do Império austríaco, aproximou-se, no começo de 1919 de um grupo comunista, cujas convicções pacifistas o atraíram. Os bolcheviques não tinham sido os primeiros a pôr fim à guerra pelo tratado de Brest-Litovsk.  Portanto, se considerou por parco tempo um comunista.  Após julho de 1919, quando se deu uma manifestação de esquerda da qual participava, a polícia austríaca atirou sobre os manifestantes e, o resultado foi que seis de seus colegas foram mortos.

Popper teve uma reação emotiva diante tal acontecimento, conscientizando-se que a ideia de revolução implica em violência, decido, por ódio a esta, romper com o comunismo. Tornou-se antimarxista por pacifismo, e como Russel ficou firmemente apegado.

Após ciosa leitura de “O capital” de Marx, Popper descobriu duas teses fundamentais, cuja relevância não percebera. A primeira tese cinge-se que o capitalismo não pode ser aperfeiçoado por meio de reformas, mas deve ser destruído a fim de ser substituído por um sistema globalmente diferente. De acordo com a segunda tese, essa destruição é inevitável, em face das próprias leis que presidem o desenvolvimento da economia capitalista.

Absolutamente convencido dessas duas teses construiu a justificativa para a utilização da violência pelo movimento comunista, e se dedicou pelo resto de sua vida a combatê-la. Popper passou da luta política para a pesquisa epistemológica e vice-versa.

Ao longo da cruzada antimarxista, duas obras se destacaram. Miséria do historicismo[11] (1935 e reescrito em 1944). O historicismo não designa apenas, conforme para Husserl[12], a tendência a reduzir o conteúdo de um conceito ao que revela o estudo da sua gênese histórica, mas, de modo mais fundamental, a teoria segundo a qual a própria história obedeceria às leis, que corretamente compreendidas, permitiriam em parte antecipar o futuro.

Popper viu nessas crenças não apenas de Hegel e Marx, mas de muitos outros historiadores profissionais e acadêmicos, inclusive os liberais, a expressão de uma fé irracional, incompatível com autêntica ciência.

A história para Popper não poderia obedecer às leis, pois a própria ideia de lei histórica lhe parece uma contradição em termos. Mesmo assim, seus argumentos não foram convincentes, e a tentativa do filósofo que se enveredou para um indeterminismo da física quântica também não será persuasiva.

Aliás, mesmo considerando-se todas as dificuldades que a aplicação da noção de lei às ciências sociais provoca, poder-se-ia levar a sério a declaração de que essa aplicação é impossível a priori, privando assim a história de toda possibilidade de se tornar uma disciplina científica?

Na obra intitulada “A sociedade aberta e seus inimigos” (1945) teve um sucesso considerável, também tenha envelhecido.  Retomou, a distinção usada por Bergson entre a moral fechada (fundada na obrigação) e a moral aberta (ligada às aspirações legais do indivíduo).[13]

Popper então concluiu que o historicismo, tal como núcleo de todo pensamento dialético, implicava necessariamente a vontade de voltar ser uma sociedade fechada, tribal e, consequentemente, o desprezo a qualquer exigência de liberdade individual.

De qualquer forma, a obra estabeleceu a existência empírica de uma tal ligação no interior de algumas grandes filosofias como a de Heráclito, Platão, Aristóteles, Hegel e Marx e, eram todos pensadores dialéticos.

A análise de Popper dos perigos do nacionalismo alemão, exemplificado por Fichte[14], se mostra mais adequada. Quanto a Marx, enfim, este goza de um tratamento privilegiado, se o compararmos com o de seus predecessores. Em seguida, Popper reconheceu que se deve incluí-lo “entre os libertadores da humanidade”. Admitiu sem restrições a legitimidade do protesto marxista contra as injustiças sociais.

Popper muito pelo contrário, de tentar destruir até a base o marxismo científico. De acordo com Popper, a pretensão do marxismo de fundar uma ciência da história não resiste ao exame. Não só a história não tem sentido, mas também esta não obedece a nenhuma lei específica e não pode tornar-se objeto de ciência.

Afirmando o contrário, Marx confundiu predição científica e vaticínio. Tornou-se um falso profeta, toda tentativa de transformar a sociedade capitalista para permitir a realização das suas profecias só poderia resultar em regressão pois o coletivismo marxista sendo apenas, na melhor das hipóteses, uma forma de neoliberalismo[15].

A atitude racional, portanto, consiste ao contrário, em reconhecer a democracia liberal como o melhor regime possível. E, em tentar aperfeiçoar o sistema capitalista passo a passo, por intervenções limitadas, a fim de torná-lo, progressivamente e pacificamente, mais equitativo. Essa posição de inspiração social-democrata, é bastante próxima do programa político de Russel ou de Schlick.

Popper ao longo dos anos 50, tornou-se de um liberalismo ilimitado, antiburocrático e antiestatal, pregando a privatização dos serviços públicos e das universidades, antes de voltar, no fim da vida, a uma concepção mais tênue, confiando ao Estado Liberal[16] a missão de fazer respeitar de direitos dos cidadãos e, de protegê-los contra toda forma de violência.

“A sociedade aberta” termina com um elogio ao racionalismo e uma advertência sobre os perigos do misticismo intelectual, com os quais é impossível não concordar. Aliás, é difícil desaprovar Popper sempre que prega a sabedoria das nações, com a ilusão de querer a felicidade do povo, talvez seja o mais temível dos ideais políticos.

Em outro livro o filósofo afirmou em um prefácio, especialmente redigido em 1978, para a edição francesa ter tomado a decisão de escrevê-lo para defender a liberdade no dia em que Hitler invadiu a Áustria, e embora a sua publicação ocorra no mesmo ano do fim da guerra, os três inimigos da sociedade aberta, a saber: o fascismo, o nazismo e comunismo, não são absolutamente tratados em pé de igualdade.

O racismo e o antissemitismo, denunciados em algumas vagas fórmulas, não suscitam nenhuma análise. As doutrinas modernas do fascismo, que pouco devem a Platão, não são nem expostas, nem mesmo rapidamente evocadas nessa volumosa obra, cuja segunda metade, em contrapartida, é inteiramente direcionada à crítica de Marx. 

Alguns trechos, nos quais o marxismo de nenhum modo diferenciado do stalinismo foi explicitamente comparado ao fascismo, até sugerem que, para Popper, o primeiro é de fato mais perigoso do que o segundo. Marx é o inimigo. Hitler, ao lado dele, não é ninguém.

Os adeptos de Popper hesitam entre duas argumentações diferentes. Ora enfatizam que, em 1945, depois da morte de Hitler[17], o principal inimigo da sociedade aberta não era mais o inimigo vencido, mas sim, o comunismo vencedor, o que é apreciação limitada, já que pelo menos meio século depois, foi novamente o nazismo e não o comunismo que apareceu, na Europa e fora dela, como sendo a ameaça mais séria para os valores democráticos.

Ou então, esvaziaram o debate, afirmando que o próprio Popper desejava transcendê-lo. Noutros termos: que seu objetivo era denunciar não ela ou aquela forma de totalitarismo, mas o totalitarismo em geral, fosse de direita ou de esquerda.

No fundo, a oposição entre esquerda ou direita não tem mais hoje nenhum significado político. Significa esquecer que o socialismo tem a missão de preparar o seu advento o que diverge do nazismo e do fascismo, construindo a futura e ideal "sociedade sem classes"[18], a tarefa é desenvolver individualmente todos os homens.

Aliás, existem várias formas de socialismo possíveis e, não apenas uma, a forma stalinista, bem como existem várias formas de fascismo. A política de extermínio racial ocupou realidades distantes entre si.

Toda a teoria política de Popper se baseou na ideia de um maniqueísmo desconcertante de que somente existem, grosso modo, dois tipos de regimes: os bons (que são os democráticos) e os maus (os totalitários também chamados de ditaduras ou tiranias).

Os regimes ditatoriais são aqueles dos quis não é possível livrar-se sem derramamento de sangue, ao passo que um simples mecanismo eleitora del deve permitir aos cidadãos de um Estado mudar pacificamente de governantes. Tal dicotomia é ingênua.

Talvez Popper tenha se esquecido que em 1938 até 1945, o nazismo se instalou na Alemanha através das eleições democráticas e quase sempre preocupado em respeitar, ao menos aparentemente, as formas de legalidade.

O desenvolvimento posterior da guerra fria demonstrou como Lênin já sabia que o fascismo é perfeitamente compatível com a democracia formal. E, o fenômeno macarthista[19] nos EUA ou algumas democracias latino-americanas comprovaram isso.

O socialismo tombou sob os golpes de si mesmo, apenas por suas próprias carência e se autodestruiu de forma até consensual.

De 1919 até a sua morte, Popper permaneceu fiel à sua filosofia que era o antimarxismo e reafirmou em muitas ocasiões sua hostilidade a qualquer crítica radical ao capitalismo, particularmente, a crítica feita pela Escola de Frankfurt[20] e atacou Adorno[21], quando dos encontros de Tübingen (1961), retomando esses ataques em seus texto de 1970, "Razão ou revolução", onde expôs mais uma vez que suas posições reformistas em uma entrevista com

Marcuse, "Revolução ou reforma" publicada em 1971. Demonstrou sua preocupação tardia com certas formas de violência endêmica nas democracias ditas liberais, a começar pelas que exercem sobre os espíritos, insidiosamente, os meios de comunicação audiovisuais.

O pensamento político de Popper pode parecer superficial e, até limitado, mas não deixou de ter impacto. Sua clareza, convicção com a qual se expressou, conquistou muitos espíritos, onde o liberalismo está na Europa Ocidental, onde acabou por se tornar a breviário da direito tradicional e, até de todos os intelectuais anticomunistas.

A influência de Popper juntamente com a Levi Strauss e de Hannah Arendt e do filósofo francês Raymond Aron foi bastante contundente.

Aron em sua tese de doutorada intitulada Introdução a filosofia da história foi inspirada na filosofia alemã que tentou revalorizar a consciência humana de uma historicidade plural, aberta e, por vezes, trágica combatendo as doutrinas relativistas e o determinismo evolucionista.

A derrota de 1940 levou Aron a se juntar em Londres, ao General De Gaulle[22]. Passaram cinco anos seguintes na Inglaterra, só voltando a Paris, dedicou-se ao jornalismo político, depois de breve passagem pelo Ministério de André Maltraux.

Apesar de ter colaborado nos primeiros números de Temps Modernes, os atritos da guerra fria o levam a romper, já em 1946, com Sartre, seu colega de magistério na Escola Normal. No mesmo ano se tornou editorialista do diário conservador Le Figaro, e assim, a partir desse momento, jamais deixou de combater as ideias socialistas.

Um dos momentos enfáticos desses combate, “O ópio dos intelectuais” (1955) foi uma obra escrita por Aron para denunciar o papel nefasto dos intelectuais de esquerda, e a atacar os mitos marxistas da revolução e do determinismo histórico. Convém, acrescentar, porém, que Aron não esperou por Popper para condenar firmemente o hegelianismo e as doutrinas que, como as de Marx procediam dele.

Algum tempo de pois de “O ópio dos intelectuais”, a decomposição interna dos regimes stanilistas, o desenvolvimento de uma dissidência na Europa Oriental e as revelações de Soljenitsin sobre as atrocidades do Gulag fornecerão os argumentos suplementares para o antimarxismo de Popper e de Aron cujas obras inspirarão a ofensiva antissocialista  de certos filósofos franceses como André Glucksmann e Bernard-Henri Lévy. Foi a queda do muro de Berlim[23] que pareceu dar plena razão a Popper.

De fato, o liberalismo econômico[24] jamais esteve tão bem quanto no final do século XX, porém, questiona-se a que preço, em termos de desemprego, exclusão, subdesenvolvimento e de desperdício de recursos planetários.

Desde o fim da guerra fria, a validade dos ideais democráticos não é mais seriamente contestada, embora os ingênuos tal como Francis Fukuyama, tenha pensado que poderia concluir invocando a leitura de Hegel, o fim da história, mas sem nenhuma resposta as perguntas embaraçosas.

Também não reconheceu, que provavelmente exagerou durante meio século, a realidade da ameaça comunista, ao passo que subestimou perigosamente a ameaça para a paz.

Em conclusão, Popper se enganou de inimigo e, o fim da guerra fria, revelou, que ao tornar seu pensamento político caduco, apesar de que seus partidários ainda sejam muitos e pronto a se manifestarem a qualquer lugar.

A Guerra Fria chegou ao seu fim com a decadência da União Soviética e do bloco socialista. A crise soviética relaciona-se com o fato de a economia soviética ter entrado em declínio a partir da década de 1970. O historiador Angelo Segrillo afirma que a crise econômica soviética está diretamente relacionada com a incapacidade do país em adaptar-se ao sistema de produção toyotista e a falta de inovação tecnológica no país em relação aos Estados Unidos.

Os problemas na economia soviética eram mascarados por conta da valorização do preço do petróleo, que fazia com que a arrecadação do país fosse suficiente para esconder problemas latentes, como o da agricultura. O envolvimento da União Soviética com a Guerra do Afeganistão, em 1979, acabou ampliando o desgaste econômico dos soviéticos.

Em 1985, Mikhail Gorbachev assumiu o comando soviético e tinha como função solucionar a crise que o país enfrentava naquele momento. Gorbachev propôs reformas por meio da Glasnot[25] e Perestroika, mas as reformas propostas pelo governante soviético contribuíram para aumentar o desgaste do modelo soviético.

Gorbachev é visto, de forma geral, de maneira diametralmente oposta pelo Ocidente e pelos russos. Se no Ocidente ele é visto de forma predominantemente positiva, como um promotor da democracia e o responsável pelo fim da Guerra Fria, na Rússia ele é responsabilizado pelo desmoronamento da URSS – acontecimento que o Presidente Putin considera o maior desastre geopolítico do século XX  e, pela pesada herança de uma Rússia fraca e instável nos anos 1990. Um exemplo de sua baixíssima popularidade foi o resultado de sua candidatura às eleições presidenciais de 1996, quando obteve menos de 1% dos votos.

Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou, e a União Soviética foi dissolvida. No seu lugar, quinze nações conquistaram sua independência, e o bloco socialista deixou de existir no leste europeu. Esses acontecimentos marcaram o fim da Guerra Fria.[26]

Para concluir, o mais importante: seja qual for a estrutura de propriedade numa sociedade industrial, mesmo que haja a supressão da apropriação individual dos meios de produção, ainda assim restará uma realidade irredutível, que se chama poder político, do qual as elites governamentais são o reflexo.

 

 

 

Referências

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[1] Às 2h27 da madrugada do dia 6 de agosto, o coronel Paul Tibbets aciona os motores da superfortaleza B-29, batizada por ele de Enola Gay, nome de solteira de sua mãe. O alvo era Hiroshima, cidade japonesa de 256 mil habitantes. Às 8h15 de 6 de agosto de 1945, a bomba denominada Little Boy, com 72 quilos de urânio 235, foi lançada sobre a cidade, a mais de 10 mil metros de altura. Demorou 43 segundos até explodir. Tudo em um raio de dois quilômetros foi destruído pela explosão equivalente a 13 mil toneladas de TNT. Morreram imediatamente 70 mil pessoas. Uma enorme nuvem em forma de cogumelo de poeira cinza, marrom e negra subiu pelo céu. Hiroshima ficou às escuras, o sol tinha desaparecido, e uma chuva negra radiativa. Até o fim do ano de 1945, outras 60 mil morreram vítimas das sequelas da explosão nuclear. Após três dias de aguardo de um pronunciamento do governo japonês, e sem nenhuma resposta, os americanos estavam prontos para usar a segunda arma atômica, agora de plutônio, mais potente do que a primeira. Eram 11h02 de 9 de agosto de 1945. Tudo em uma área de 3 por 5 km foi destruído, Perto de 35 mil pessoas morreram na hora, e mais de 100 mil, nos anos seguintes, vítimas da radiação.

[2] O nazismo foi um partido da extrema-direita que surgiu na Alemanha em 1920. Surgiu escorado em ideais nacionalistas e extremistas que eram bastante difundidos na Alemanha desde o século XIX, entre os quais estavam o antissemitismo. A hiperinflação alemã desestruturou toda a economia do país, que chegou a ter, no auge deste período, em novembro de 1923, um milhão e 485 mil desempregados. Como consequência, pobreza, miséria, roubos e corrupção passaram a aflorar na Alemanha. Os felizes anos vinte foram um período vibrante na história de Berlim, Alemanha, Europa e do mundo em geral.  Após a Lei da Grande Berlim a cidade se tornou o terceiro maior município do mundo e viveu o seu apogeu como uma grande cidade do mundo. Era conhecido por seus papéis de liderança nas ciências, humanidades, música, cinema, ensino superior, governo, diplomacia, indústrias e assuntos militares.

[3] Após a Segunda Guerra Mundial, George Orwell usou o termo no ensaio “You and the Atomic Bomb”, publicado em 19 de outubro de 1945, no jornal britânico Tribune. Contemplando um mundo vivendo à sombra da ameaça de uma guerra nuclear, advertiu que uma "paz que não há paz", que ele chamou de uma permanente "guerra fria". No final da Segunda Guerra Mundial, o escritor inglês George Orwell usou o termo guerra fria em seu ensaio "Você e a bomba atômica", publicado em 19 de outubro de 1945 no jornal britânico Tribune. Esta época ficou assim conhecida porque ambos os países nunca se enfrentaram diretamente num conflito bélico. A Guerra Fria termina com a Queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da União Soviética, em 1991.

[4] A Guerra da Coreia foi um conflito que ocorreu na Península da Coreia entre os anos de 1950 e 1953, configurando-se como um dos momentos mais críticos da Guerra Fria. O conflito foi fruto da bipolarização entre o bloco capitalista e o bloco comunista que caracterizou o mundo no período da Guerra Fria e foi consequência da divisão da Península da Coreia por EUA e URSS durante a Conferência de Potsdam1. O principal resultado do conflito foi a divisão da Península em duas partes: a Coréia do Norte e a Coréia do Sul.

[5] A Guerra do Vietnã ocorreu entre 1955 e 1975 e foi um conflito entre Estados Unidos e o Vietnã do Norte, apoiado pela União Soviética1. O combate faz parte do contexto da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética não se enfrentavam diretamente, mas intervinham em territórios que poderiam se transformar em futuros aliados. Conflito que durou dezesseis anos (1959-1975) e considerado um dos mais violentos pós Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã destaca-se como o conflito mais emblemático do período da Guerra Fria e marca um dos capítulos mais humilhantes da história militar norte-americana.

[6] Auschwitz foi um complexo com mais de 40 campos de concentração e extermínio, criados e operados pela Alemanha nazista na região da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Os campos de concentração foram locais utilizados pelos nazistas para aprisionar, escravizar e assassinar milhões de pessoas, em sua maioria judeus. Sua libertação ocorreu em 27 de janeiro de 1945, quando tropas soviéticas do Exército Vermelho invadiram os campos e libertaram os prisioneiros que ainda estavam ali.  "Auschwitz foi um complexo com mais de 40 campos de concentração e extermínio, criados e operados pela Alemanha nazista na região da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Os campos de concentração foram locais utilizados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial para aprisionar, escravizar e assassinar milhões de pessoas, em sua maioria judeus. Auschwitz I, chamado Stammlager, foi o principal campo dentro do complexo. Inicialmente organizado como um campo de trabalho forçado, foi logo convertido em uma instalação de extermínio, sobretudo contra prisioneiros poloneses. Auschwitz II, chamado Birkenau, foi construído sob ordens de Himmler em 1940. Planejado para aprisionar 97 mil prisioneiros, foi o local de aprisionamento e extermínio de mais de 125 mil pessoas, sobretudo judeus. Auschwitz III, chamado Monowitz, foi um campo criado em 1942 para resolver a superlotação de Auschwitz II e utilizar os prisioneiros como mão de obra escravizada no trabalho de fábricas da indústria farmacêutica e química IG Farben. O transporte dos prisioneiros para o campo era feito através de ferrovias, e, após a chegada, todos os prisioneiros eram despidos de seus pertences, tinham seus cabelos e barbas cortados, eram tatuados com um número de série e vestidos com uniformes prisionais."

 

[7] O termo “Terceiro Mundo” foi oficialmente adotado pela primeira vez durante a reunião de países asiáticos e africanos, em abril de 1955, na Conferência de Bandung, em Java, na Indonésia. Ele definia os países que se pretendiam não-alinhados às duas superpotências da época: EUA e URSS.

O termo surgiu no contexto da Guerra Fria, para se referir aos países que não se posicionaram claramente, não se aliando nem aos Estados Unidos e nem à União Soviética. O Brasil, por exemplo, era um país do Terceiro Mundo.  Com a globalização e os avanços tecnológicos, o termo "Terceiro Mundo" foi considerado obsoleto e "simplista". Outros conceitos, como "subdesenvolvidos", "em desenvolvimento" e "emergentes", passaram a ser mais utilizados. A expressão "Sul Global" também surgiu, com o objetivo de englobar problemas políticos e culturais, além do econômico.

Terceiro Mundo: fazem parte desse grupo os países que possuem economia subdesenvolvida ou em desenvolvimento, geralmente nações localizadas na América Latina, África e Ásia. O criador da expressão foi o economista francês Alfred Sauvy, a mesma foi emitida pela primeira vez no ano de 1952.

[8] Herbert Marcuse 1898-1979 Alemão, filósofo político cuja combinação do marxismo e psicologia freudiana foi popular entre os estudantes no final dos anos 1960. Tornou-se membro do Partido Social Democrata, enquanto estudante na Universidade de Freiburg, Frankfurt. Aderiu ao Instituto de Investigação Social, em 1932. O filósofo alemão Herbert Marcuse foi um dos principais representantes da Escola de Frankfurt. Marcuse nasceu em Berlim, em 1898. Estudou filosofia em Friburgo, recebendo forte influência de Edmund Husserl e sobretudo de Martin Heidegger. Ao contrário de Heidegger, porém, Marcuse sempre foi de esquerda. Na juventude, filiou-se ao Partido Social Democrata Alemão (SPD), mas o abandonou no final dos anos 20, por sua incapacidade de promover uma transformação radical na sociedade. Em 1932, aconselhado por Husserl, integrou-se ao Instituto de Pesquisas Sociais, de Frankfurt, comandado por Max Horkheimer e Theodor Adorno. Com a ascensão do nazismo, foi enviado à filial de Nova York. Rompe explicitamente com Heidegger (que havia bloqueado sua carreira universitária) e começa a elaborar sua própria teoria, fortemente influenciada pelos pensadores marxistas (notadamente Georg Lukács e Karl Korsch) e pela psicanálise de Sigmund Freud.

[9] Louis Althusser foi um filósofo francês nascido em 1918 e falecido em 1990, conhecido por sua contribuição para o pensamento estruturalista. Althusser foi um dos principais representantes da Escola de Paris e um dos principais teóricos do marxismo do século XX. Sua obra mais conhecida é “Para Ler O Capital”, onde propõe uma leitura inovadora da obra de Karl Marx. Althusser também foi professor na École Normale Supérieure, onde influenciou várias gerações de intelectuais e filósofos. Sua vida foi marcada por polêmicas, especialmente após um episódio trágico em que ele cometeu homicídio de sua esposa. No entanto, seu legado filosófico continua sendo debatido e estudado até os dias de hoje.

[10] A Primeira Guerra Mundial foi um marco na história da humanidade. Foi a primeira guerra do século XX e o primeiro conflito em estado de guerra total – aquele em que uma nação mobiliza todos os seus recursos para viabilizar o combate. Estendeu-se de 1914 a 1918 e foi resultado das transformações que aconteciam na Europa, as quais fizeram diferentes nações entrar em choque."

"O resultado da Primeira Guerra Mundial foi um trauma drástico. Uma geração de jovens cresceu traumatizada com os horrores da guerra. A frente de batalha, sobretudo a Ocidental, ficou marcada pela carnificina vivida nas trincheiras e um saldo de dez milhões de mortos. Os desacertos da Primeira Guerra Mundial contribuíram para que, em 1939, uma nova guerra acontecesse." Estendeu-se por quatro anos em duas fases distintas: Guerra de Movimento e Guerra de Trincheira. A última fase é a mais conhecida por ter sido a mais longa (de 1915 a 1918) e por ter sido efetivamente caracterizada por um alto grau de mortalidade dos soldados envolvidos. O saldo do conflito foi, aproximadamente, 10 milhões de mortos e uma Europa totalmente transformada.

[11] O Historicismo, também conhecido por historismo, é uma concepção filosófica que surgiu entre o fim do século XIX e início do século XX. A ideia foi desenvolvida pelo filósofo alemão Wilhelm Dilthey. Além de filósofo, Wilhelm Dilthey também era historiador, o que pode ter influenciado sua linha de raciocínio. As três principais características do historicismo alemão, no século XIX, seriam, portanto, a valorização da ideia do Estado nacional; o conceito de individualidade aplicado não só aos indivíduos, mas também às coletividades e a busca por um novo fundamento epistemológico.

[12] Edmund Husserl nasceu em 1859, na cidade de Prostějov, na atual República Tcheca. Ele estudou matemática e filosofia na Universidade de Leipzig, onde se tornou assistente de Franz Brentano, um dos principais filósofos da época. Foi sob a influência de Brentano que Husserl desenvolveu seu interesse pela consciência e pela mente humana. Após lecionar em várias universidades europeias, Husserl se estabeleceu na Universidade de Göttingen, onde se tornou professor em 1901. Foi durante seu tempo em Göttingen que ele desenvolveu sua filosofia fenomenológica, que viria a se tornar sua maior contribuição para a filosofia.

[13] A moral aberta e a moral fechada são duas formas de conceber a moral, que é um conjunto de valores e regras que definem o que é certo ou errado em uma sociedade:  Moral fechada: É um sistema de hábitos que regula a conduta de acordo com as exigências sociais, e que é associada à obrigação moral. A moral fechada é caracterizada por fórmulas impessoais, como generalidade, universalidade e aceitação de uma lei.  Moral aberta: É atestada historicamente pela existência de indivíduos que incitam a ação de outros homens por um ímpeto de renovação e criação.  A moral pode ser dividida em dois planos: o normativo, que é constituído pelas normas ou regras de ação, e o fatual, que é o plano dos fatos morais.  A verdadeira moral, aberta, sabendo  que toda moral se exemplifica através dos atos, é de inspiração religiosa, ou seja,  metafísica: a religião, por meio da figura do místico, propaga um ‘’estado de alma’’,  estado de alma que sugere que o destino metafísico do homem excede a sua natureza  biológica, que a humanidade, na verdade, é chamada a continuar o elã criador que a  origina. Sendo assim é impossível pensar a moral aberta independente da religião  dinâmica e de sua figura central, o místico, compreendido como figura paradigmática do  sujeito sem identidade.

[14] Johann Gottlieb Fichte foi um filósofo alemão pós-kantiano e o primeiro dos grandes idealistas alemães. Sua obra é considerada como uma ponte entre as ideias de Kant e as de Hegel. Assim como, Descartes e Kant, Fichte interessou-se pelo problema da subjetividade e da consciência. Na verdade, o que importa salientar é a estrutura dialética do pensamento fichtiano. A afirmação do eu (sujeito, espírito, consciência) implica sua negação ou antítese (objeto, natureza, ser) e, em seguida, a negação da negação da síntese. O momento decisivo dessa dialética é o da contradição, mola propulsora da autoafirmação do eu, pois o momento da síntese, em que o eu reconhece o objeto como seu próprio produto, supõe o momento anterior, da antítese, em que o eu se defronta com sua negação ou contradição. Enclausurando-se no sujeito-objeto-sujeito, como diz Hegel, Fichte não alcança uma síntese autêntica. Mas fazendo do eu o absoluto, Fichte representa um momento crucial do idealismo alemão, que coincide historicamente com apogeu da Revolução Francesa. Afirmando o Eu abstrato como liberdade absoluta, a revolução desemboca no despotismo da liberdade e no terror e, a filosofia de Fichte que, em determinado momento, representa a consciência nacional na luta pela independência, partindo do mesmo princípio, termina, paradoxalmente, na apologia do Estado totalitário, que é, para Fichte, a utopia do futuro. Fichte também é um dos fundadores do nacionalismo alemão.

[15] Na década de 1930, neoliberalismo tratava-se de uma doutrina econômica que emergiu entre académicos liberais europeus e que tentava definir uma denominada "terceira via" capaz de resolver o conflito entre o liberalismo clássico e a economia planificada coletivista. Neoliberalismo é uma doutrina econômica e política que surgiu no século XX com base em teorias formuladas por teóricos, como o economista ucraniano Ludwig von Mises e o economista austríaco Friedrich Hayek. A teoria neoliberal surge para opor-se à teoria keynesiana de bem-estar social e propõe uma nova leitura da parte econômica do liberalismo clássico, tendo como base uma visão econômica conservadora que pretende diminuir ao máximo a participação do Estado na economia.

[16] O termo “liberalismo” padece de um alto grau de polissemia, pois sua formação e maturação como doutrina econômica e ideologia social  se desenvolveu ao longo dos séculos XVII a XX.  Esse período de alta ebulição social, política e econômica assistiu ao surgimento do Estado  Nação, à ascensão da burguesia, ao surgimento e predominância do mercado como principal  instituição política e econômica e à progressiva internacionalização da economia e do comércio . Em diferentes locais do globo, a doutrina liberal deparou-se com problemas estruturais diferentes, cuja solução influenciou cada forma  específica de liberalismo e levou à formação de diversas formas de pensar – todas liberais, todas compartilhando a mesma essência liberal –, mas  ao mesmo tempo diferentes em muitos aspectos relevantes. Assim, até hoje o termo “liberal” tem  significados diferentes conforme o país em que é pronunciado.  O Estado Burguês de Direito se caracteriza  por uma ideologia de manutenção do status  quo, de aversão à mudança. Sua finalidade é  sua própria autocontenção, excetuadas apenas  as hipóteses de ameaça à segurança individual.  Qualquer ação política transformadora se em contra automaticamente fora desse espectro e,  assim, fora do campo de legalidade.

[17] Adolf Hitler morreu no dia 30 de abril de 1945, depois que ele atirou contra a própria cabeça no interior de seu aposento dentro do bunker em que ele se escondeu durante as últimas semanas da Segunda Guerra Mundial. Ele cometeu suicídio junto de sua esposa, que consumiu uma cápsula de ácido cianídrico. Os corpos de Hitler e Eva Braun foram incendiados por soldados alemães, e os restos mortais foram espalhados. Os soviéticos encontraram os restos de uma arcada dentária e a identificaram como sendo de Hitler. O historiador Ian Kershaw faz a seguinte descrição do bunker que abrigou Hitler nos últimos meses de sua vida: “Uma escadaria de pedra aparentemente infindável, ladeada por paredes de concreto nu, conduzia ao mundo claustrofóbico e labiríntico do bunker do Führer, uma construção de dois andares enterrada nas profundezas do jardim da Chancelaria. […] O complexo era completamente autossuficiente, com aquecimento e iluminação próprios, e bombas de água movidas por um gerador a óleo diesel. Hitler passou a dormir nele desde seu retorno a Berlim. A partir de então, seria o domicílio macabro das semanas seguintes de sua vida”. KERSHAW, Ian. Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 936.

[18]Uma sociedade sem classes é uma sociedade que não apresenta divisão de classes sociais.  A classe social é um conceito da sociologia que se refere à divisão socioeconômica de uma sociedade, que resulta em uma hierarquia de grupos sociais com diferentes importâncias. Essa divisão é baseada em características econômicas, políticas ou culturais.  François Dubet, em um artigo, afirma que o esgotamento do regime de classes é uma consequência das mudanças do capitalismo mundial. O autor considera que a globalização mudou as sociedades industriais capitalistas, que eram formadas dentro de sociedades nacionais.  No entanto, Louis Dumont, em um artigo, afirma que as utopias comunistas e comunitaristas se sustentam apenas na imaginação utópica, e que uma consciência realista é necessária para a construção de uma sociedade melhor.

A doutrina social da Igreja, por outro lado, propõe que a sociedade avance para uma convivência social mais justa, com salário justo para todos, participação na propriedade e na distribuição dos lucros das empresas. Sociedades sem classes sociais, de acordo com uma definição do educador Paulo Freire é "uma sociedade em que nenhum homem, nenhuma mulher, nenhum grupo de pessoas, nenhuma classe explora a força de trabalho dos outros.

[19] "O macartismo foi criado pelo senador estadunidense Joseph Raymond McCarthy, no final da década de 1940, e buscava criminalizar as práticas tidas como comunistas no território estadunidense, além de promover o desgaste e desestabilização do Partido Democrata, sendo utilizado para perseguições políticas e ideológicas. Durante a sua prática foi instalada uma política que ficou conhecida como “caça às bruxas”, que consistia em acusações a pessoas e instituições que apresentavam supostas vinculações ao comunismo soviético. Por meio dessa prática, o macartismo incitava a população norte-americana a denunciar membros da família, colegas de trabalho e amigos. Entre as consequências do macartismo, pode-se destacar o acirramento das tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética no contexto da Guerra Fria e a consolidação de um imaginário anticomunista no continente americano."

 

[20] A Escola de Frankfurt foi uma escola de pensamento e análise filosófica e sociológica que surgiu na Universidade de Frankfurt, na Alemanha, em 1924. A escola foi formada por marxistas dissidentes e tinha como objetivo estabelecer um novo parâmetro de análise social a partir de uma releitura do marxismo.  A Escola de Frankfurt foi importante para a cultura ocidental do século XX. Alguns dos seus principais pontos de preocupação eram as implicações da modernidade na sociedade, em especial a cultura de massa e o papel da indústria cultural. Com a ascensão do nazismo, muitos membros da escola fugiram para os Estados Unidos na década de 1930, onde se estabeleceram na Universidade de Columbia, em Nova York. Ele criticava o estado da arte sob o capitalismo. Ele argumentava que a arte é usada de forma sutil para difundir propaganda sobre o sistema capitalista e para perpetuar a escravidão.

[21] Theodor W. Adorno (1903 – 1969) foi um filósofo, sociólogo e musicólogo alemão. Foi um dos principais membros da primeira geração da chamada Escola de Frankfurt e também um dos principais pensadores da teoria crítica, modo de pensar a sociedade inaugurado no pensamento da escola de Frankfurt pelo filósofo Max Horkheimer. Em parceria com Horkheimer, Adorno deu ao Instituto para pesquisa social uma orientação mais filosófica, tendo em vista que, anteriormente, o instituto carregava um caráter de pesquisa mais social e econômico. O foco inicial de seus estudos foram a música e a teoria da arte, mas posteriormente, sob a influência do filósofo e teórico da literatura Walter Benjamin, dedicou-se ao estudo da sociedade capitalista, a partir de sua leitura da razão na filosofia iluminista e da filosofia de G.W.F. Hegel. Devido à ascensão de Hitler e do partido nazista na Alemanha, mudou-se para Nova York e, em 1938, retomou sua pesquisa junto à Escola de Frankfurt, que também havia mudado sua sede para aquela cidade. Após o fim da Segunda Guerra, voltou para a Alemanha em 1953, tornando-se diretor do Instituto para pesquisa social em 1959.

[22] Em 1962, no auge da guerra da lagosta, o general De Gaulle teria afirmado que o Brasil não é um país sério. Não havia, na época, rede social como conhecemos hoje. Ainda assim, a frase foi tema de amplos debates. Atribuída durante anos ao presidente francês Charles de Gaulle, a frase foi, na verdade, dita por um brasileiro: o embaixador Carlos Alves de Souza, que serviu em Paris entre 1956 e 1964. Durante a Guerra da Lagosta, um conflito pesqueiro entre Brasil e França em 1962, o embaixador brasileiro foi chamado por De Gaulle para uma conversa. Carlos Alves de Souza saiu da reunião convencido de que a França estava com a razão. Mais tarde, ao ser entrevistado por um jornalista brasileiro, desabafou seu descontentamento com a famosa frase. Por engano, espalhou-se que a frase havia sido dita por De Gaulle.

[23] O Muro de Berlim foi construído em 1961, ao redor da cidade de Berlim Ocidental, a capital da Alemanha Ocidental. Essa construção tinha como proposta isolar essa cidade e fechar suas fronteiras com a Alemanha Oriental. Foi um dos grandes símbolos que evidenciaram a polarização do mundo no período da Guerra Fria.  O Muro de Berlim foi construído, em 1961, como parte de uma decisão da Alemanha Oriental e da União Soviética para isolar Berlim Ocidental e impedir que a população da Alemanha Oriental  se mudasse para o outro lado. O muro simbolizou mundialmente a polarização que marcou o século XX durante a Guerra Fria. O muro foi derrubado, em 1989, com o colapso do bloco comunista na Europa. O Muro de Berlim foi construído por uma decisão conjunta do governo da Alemanha Oriental e da União Soviética. Na época os dois países eram governados por Walter Ulbricht e Nikita Khrushchev, e a decisão de construir o muro foi tomada para impedir que a população da Alemanha Oriental continuasse fugindo para Berlim Ocidental, capital da Alemanha Ocidental. Os alemães construíram um muro alto, monitorado por torres de vigilância, soldados armados e cães de guarda, que eram usados para perseguir aqueles que ousassem atravessá-lo. Anos depois pesquisadores descobriram que os soldados da RDA tinham permissão para atirar para matar nos que tentassem ir para o lado ocidental. Entre 1961 e 1989, 140 pessoas morreram ao tentarem cruzar o muro. O Muro de Berlim foi derrubado em novembro de 1989, e isso foi resultado do colapso do bloco comunista na Europa. Ao longo da década de 1980, a situação do bloco agravou-se como um todo. No caso da RDA, a crise econômica fomentou manifestações de populares que desejavam uma economia melhor e mais liberdade. Em 9 de novembro, o governo da RDA anunciou equivocadamente a abertura das fronteiras do país e milhares de pessoas aglomeraram-se nos locais de travessia. Para evitar um desastre de grandes proporções, a medida foi confirmada e a população, em festa, reuniu-se para derrubar o muro na passagem do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1989. Isso deu início ao processo de reunificação da Alemanha

[24] Liberalismo econômico é uma doutrina econômica que surgiu durante o século XVIII na Europa. Tendo como um de seus precursores o filósofo e economista escocês Adam Smith (1723-1790), o liberalismo econômico defende a não intervenção do Estado nas atividades econômicas, a autorregulação do mercado e a livre concorrência. Predominante durante todo o século XIX, o liberalismo econômico entrou em declínio com a Grande Depressão, como ficou conhecida a Crise de 1929. Liberalismo econômico é uma doutrina econômica que surgiu na Europa durante o século XVIII, integrando o escopo da corrente conhecida como liberalismo ou liberalismo clássico. As ideias do liberalismo econômico nasceram em um momento importante de transição do sistema econômico em que o mercantilismo dava lugar ao capitalismo. A corrente de pensamento do liberalismo divide-se em dois tipos, sendo o liberalismo econômico um deles. As ideias liberais se apresentaram inicialmente no campo político, tendo surgido como uma forma de contrapor o absolutismo e o poder centralizador do Estado, fundamentando-se nos ideais iluministas franceses e em pensadores como o filósofo inglês John Locke, principal nome e precursor do liberalismo político.

 

[25] Enquanto no Ocidente a noção da glasnost se associa a liberdade de expressão, a meta principal desta política na URSS foi tornar o governo transparente e aberto para discutir, assim logrando o círculo estreito de apparatchiks que anteriormente exercera o controle completo da economia.

Perestroika e Glasnost: as reformas da URSS que iniciaram uma nova ordem mundial. Perestroika significa reconstrução e consistia na tentativa de recuperação soviética; enquanto Glasnost significa transparência e visava à liberdade de expressão da sociedade. A glasnost deu novas liberdades à população e sobretudo maior liberdade de expressão — uma modificação radical, visto que o controle da liberdade de expressão e a supressão da crítica ao governo eram até então elementos centrais no sistema de governo soviético.

[26] Os direitos sociais, econômicos e culturais, em razão de sua conexão com os regimes socialistas, foram relegados, em um primeiro momento, às políticas nacionais dos Estados. No título 1 da Convenção, denominado de direitos e liberdade, são previstos: direito à vida (art. 2); proibição da tortura (art. 3); vedação da escravatura e do trabalho forçado (art. 4); direito à liberdade e à segurança (art. 5); direito ao processo equitativo (art. 6); princípio da legalidade (art. 7); respeito ao direito à vida privada e familiar (art. 8); liberdade de pensamento, de consciência e de religião (art. 9); liberdade de expressão (art. 9); liberdade de reunião e de associação (art. 11); direito ao casamento (art. 12); direito a um recurso efetivo (art. 13); proibição de discriminação (art. 14). O direito internacional se desenvolve após guerras, como a Segunda Guerra Mundial, que acelerou a sua evolução. Os tribunais criados após a guerra serviram de precedente para a criação de outros tribunais penais internacionais, como os Tribunais para a Antiga Iugoslávia e para Ruanda. O término da segunda guerra coincidiu com a guerra fria, caracterizada pela polarização do mundo em torno dos Estados Unidos e da União Soviética e os consequentes enfrentamentos estratégicos e indiretos na busca de ampliação das respectivas áreas de influência. Além de inúmeras guerras localizadas, como, por exemplo (a entre as duas Coreias), incentivou a construção do muro de Berlim, em 1961, cuja derrubada, em 1989, marcaria o ocaso da guerra fria e o início, tanto da unipolarização em torno dos Estados Unidos, quanto da crescente importância geopolítica e econômica dos países da Ásia.

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/12/2024
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