Somos miseráveis. Não temos nada. Absolutamente nada. Tudo e todos que somos estão criptografados na genética, na história e na convivência diária a nos disciplinar como animais no circo. Fazemos malabarismos. Imploramos por afeto. Rogamos por atenção.
E, tudo que temos, é frugal, passageiro, transitório. E, pior, descartável. Lá fora, a dinâmica brutal nos envelhece... nos diminui e reduz nossa humanidade. O passo menor. O coração frágil. As mãos trêmulas. E, os olhos que não mais enxergam... apenas perpassam pela luz sem entender o cenário.
Somos miseráveis... acreditamos em vaidades... presumimos ter propriedades, riquezas e importância.
Num reles planeta perdido numa galáxia qualquer... Num umbral infinito de vidas, mistérios e morte.
Depois, na lápide de um túmulo... deixamos nosso nome... e a data do óbito.
Somos miseráveis, orbitamos a procura de afagos... Queremos ser aceitos, mas nem intimamente nos
aceitamos... Queremos a beleza, mas ela fenece. Queremos a felicidade, mas ela desaparece... Queremos
a sabedoria e, ela nos esquece... num Alzheimer qualquer...
Enfim, em nossa miséria intensa e intrínseca... pedimos perdão por tantos erros e injustiças.
Mas, no fim, no apocalipse diário, aprendemos que é preciso errar para finalmente encontrarmos
o caminho da redenção.