Fui prematura
Nasci com sete meses, sete dias e
as sete horas da manhã
Fui prematura.
Tudo em mim foi precoce.
Até o nascimento...
E, acredito que até será a morte.
No infinito entardecer
o amarelo morrendo abóbora...
e o sol escurecendo até ficar violeta.
E, de repente, fez-se a noite.
Surgem as primeiras estrelas.
as constelações conspiram
sobre nossas cabeças
algumas indicam qual rumo tomar...
outras só fazem você sonhar com
a imaginação navegando em outras galáxias.
Fui prematura em minhas emoções.
Amei muito.
Amo muito.
Desamei muito.
E, desamo tanto quanto amo...
Meus olhos teimam em ver.
Em enxergar...
Em mergulhar no fundo das aparências.
Em decifrar o silêncio incomensurável
da existência humana.
Meus ouvidos teimam em ouvir
as lamúrias,
as confissões,
e os degredos daqueles fugiram ou
simplesmente desistiram de viver.
Minhas mãos finas
cortam-se com facilidade.
peso ou qualquer lâmina exímia
Minhas pernas finas
me fazia parecer um flamingo frágil
Mas, por debaixo da fragilidade.
Dormitava uma gana em viver...
Em sobreviver.
Em transviver.
Em superviver.
Superando tudo e todos.
Até o tempo.
Fui prematura.
Ainda hoje sou prematura.
Conheci cedo a solidão.
E, a capacidade de transformá-la em solitude.