Cegueira
A visão turva.
As imagens fazendo curvas impossíveis.
Improváveis.
O tom embaçado do dia.
O tom escurecido da noite.
As trevas medievais da consciência.
Lá fora um degrau fora do lugar.
Lá fora um cenário distópico.
A opressão reside nas paredes.
Nos contornos pseudológicos.
Nas convenções sociais.
A visão turva.
A visão enebriada com lirismo decadente.
As nuvens em catarata estão caindo
Sem alarde.
Sem estrondos.
A cegueira é silenciosa.
Não ver.
Não enxergar.
Não prever ou desviar.
Esbarrar a contundência da realidade.
Há farpas.
Há feridas.
Sangramentos e lágrimas
E, um grito sufocado nas cordas vocais.
No fundo entoava, um réquiem.
Uma prece aos mortos
Que gozam do repouso eterno
para tatear a finitude todos os dias.