O Professor Oswaldo explicava: - Em latim, putta é menina. O verbo putare vem da raiz putus que significa limpo ou puro e possui muitos derivados em português, como amputar, computar, reputação, deputado, entre outros. Putare é também imaginar. E, puta seria aquela que faz tudo aquilo que se imagina. Prosseguiu o professor: -Já putativo vem do latim putativus que significa suposto ou imaginário. Putativus é algo que parece ser o que não é. Tamires e Tadeu eram irmãos gêmeos e frequentavam a mesma sala de aula. Adoravam as aulas de Língua Portuguesa e Latim. Apesar de serem gêmeos, eram de temperamentos bem diferentes. Tadeu diante das explicações dadas pelo professor, entendeu que chamar alguém de puta ou puto não era ofensivo. Já Tamires discordava... Era tímida, silenciosa... de olhos expressivos, porém envoltos de um silêncio sepulcral. Ao final da aula, as SOBRAS do aprendizado traziam compreensões diferentes. As sobras do que nos foi ensinado ao longo dos anos, ficam na memória, nos álbuns de retratos e, principalmente, na alma. Tadeu insistia com a irmã... que ser chamada de "puta" não era ofensa... As palavras de baixo calão integram o cotidiano de muitas pessoas, e estão presentes em diversas culturas. A regra popular registra a palavra puta como tratamento dispensado as garotas de programa, prostitutas ou algo do gênero. Muita controvérsia há quem vende o corpo. Mas, será possível vender a alma? Questionava Tamires ao irmão... que malandramente, saiu pela tangente: - Mana, não complica. Não é ofensa e ponto! O professor interviu e disse: ofensa é passar fome, ser invisibilizado e ter sua dignidade aviltada todos os dias, por ser pobre, negro e favelado.