Ele estava à soleira da porta. Parado. Inerte e em silêncio. Era um homem sisudo, alto e de expressão enigmática. José abriu a porta e se surpreendeu com a presença dele. Perguntou-lhe: Pois não, boa tarde. Deseja falar com quem? Gonzalo ergueu-se, o cumprimentou, estendeu-lhe a mão, agradeceu, e perguntou sobre Clarice, sua irmã mais velha. Que havia emigrado há muito tempo de Porto Rico. Gonzalo era o seu irmão do meio... E, veio tentar a sorte por essas cercanias. José informou que Clarice estava no trabalho e, que ligaria para ela para informá-la
sobre a sua presença. Em seguida, em sua trivial cortesia ofereceu-lhe algo para beber e comer. Gonzalo estava faminto... Sua última refeição regular tinha sido há dois dias atrás... Na ligação para Clarice, José falou seu irmão Gonzalo está aqui na sala... pode falar com ele... Clarice ficou chocada tamanha era emoção. Pediu a José que o acomodasse e lhe oferecesse comida e bebida. Mas, não teria como sair da repartição mais cedo... José era primo de Clarice, mas estava romanticamente interessado nela... Gonzalo agradeceu tudo. Em seguida, perguntou se ele desejava algo... Gonzalo apenas pediu para ficar esperando a irmã... Então José ligou a televisão... depois de ter servido um lanche caprichado para a visita. Curiosamente, na arquitetura romana, a soleira era uma pedra colocada no limiar das portas para marcar a transição entre o interior e o exterior... Depois passou a ser uma coisa protetora do piso e a delimitação de um ambiente. Apesar da soleira não ser obrigatória, é muito boa para delimitar ambientes quando possuem o mesmo piso. Gonzalo estava ansioso... Clarice também, era um reencontro depois de mais dez anos sem se ver... O sangue e o afeto unem para sempre.