Tudo que Machado de Assis me ensinou ...
Precisamos desaprender por meio da suspensão da crença. Mesmo quando abordou sobre a loucura, em "O alienista", apontou que a verdade científica pode ser relativizada e, até perder toda sua referência, tanto a razão enlouquece como a loucura nos força ter sensatez.
O maior escritor brasileiro foi o fundador e também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, além de ser autor dos maiores clássicos da literatura nacional. E, não se restringiu aos romances, pois escreveu contos, crônicas, poesias, peças teatrais, críticas literárias e, ainda, atuou como jornalista. Atualmente, é um jornalista o atual presidente da ABL, Merval Pereira. Presidiu a ABL por mais de uma década, ocupando a cadeira de número 23.
Deu início ao movimento chamado de realismo no Brasil nos idos de 1839 a 1908. Machado de Assis escrevia com mão esquerda e há notícias que sua caligrafia era ilegível, tanto que nem ele mesmo a entendia. Era também gago e epiléptico.
Tinha saúde frágil mas nem por isso deixou de ser simplesmente genial. Seu jogo preferido era o xadrez e até participou do primeiro campeonato do jogo no Brasil. Ficou órfão de mãe e de irmã muito cedo. E, somente com doze anos em 1851, com a morte de seu pai é que passou a frequentar a escola.
Durante muitos anos morou na Rua Cosme Velho, no Bairro Cosme Velho, no Rio de Janeiro E, reza a lenda que diz que ele queimou várias cartas em um caldeirão nessa mesma rua. O que fez com que uma vizinha maledicente o chamasse de Bruxo do Cosme Velho.
Machado foi um dos primeiros a traduzir as obras de Edgar Allan Poe para o português, a obra foi "O corvo. Também traduziu "Os Trabalhadores do Mar" de Victor Hugo.
Era um cronista nato e nos ensina como lidar com a frustração e também a evitar desvios de comunicação. Machado nos ofereceu diversos insights sobre a natureza humana, resiliência, a necessidade de se compreender a complexidade das relações sociais, e ainda, como entender o contexto histórico e político. “Pensando no próprio Brás Cubas, duas coisas vêm à mente: narcisismo e manipulação.
São duas lições que valem muito para o ambiente corporativo e, principalmente, para os líderes e gestores de grandes companhias”.
No dia 12 de fevereiro de 1855, a “Marmota Fluminense”, jornal editado por Paula Brito, trazia na página 3, o poema “Ela”, de Machado de Assis:
"Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um sim
Para alívio do coração" (...)
Daí por diante, Machado não parou de escrever na "Marmota" e de fazer amizades com os políticos e literatos frequentadores da livraria, onde o assunto principal era a poesia. Em 1856, Machadinho, como era conhecido, entrou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipógrafo, mas além de mau funcionário, escondia-se para ler tudo que lhe interessava. Em 1864, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, uma coletânea de seus poemas. O livro foi dedicado a seus pais, Maria Leopoldina e Francisco.
A primeira fase das obras de Machado de Assis apresenta-se presa a algum aspecto do “Romantismo”, com uma história cheia de mistérios, com final feliz ou trágico e uma narrativa linear.
Apresenta também traços inovadores, como uma linguagem menos descritiva, menos adjetivada e sem o exagero sentimental. As personagens têm um comportamento não só movido pelo amor, mas também pela ambição e pelo interesse.
São dessa fase os romances: Ressurreição (1872);A Mão e a Luva (1874);Helena (1876);Iaiá Garcia (1878).
Os melhores contos “realistas” contidos nesses livros e que abordam os mais diversos temas, são:
Cantigas de Esponsais – a desesperada busca da expressão;
Noites de Almirantes – análise de uma desilusão amorosa;
Trio em Lá Menor – o anseio da perfeição;
O Alienista – o problema da loucura. Foi adaptado para o cinema em 1970);
Missa do Galo – o despertar do adolescente para o amor;
Teoria do Medalhão – como vencer na vida sem fazer força;
O Espelho – a dualidade da alma humana.
Seguem abaixo, as melhores frases de Machado de Assis:
Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado.
Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
Lágrimas não são argumentos.
Creia em si, mas não duvide sempre dos outros.
Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz...
Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão.
A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.
Está morto: podemos elogiá-lo à vontade.
Não se ama duas vezes a mesma mulher.
A mentira é muita vezes tão involuntária como a respiração.
Talvez na ilha perdida no oceano da razão, entenderemos o outro, o contexto e qual deverá ser o melhor silêncio.
Meu maior temor é que uma vez aprendiz de Bruxo será que seria considerada bruxa ou feiticeira?