O feminismo sempre aguçou amores e ódios. Não há como rejeitar o feminismo seja como movimento social ou mesmo como questão. Seu principal busilis que ele não conhece meio-termo e as paixões oscila desde o medo até a esperança.
Há de se conclamar as pessoas para que sejam, pelo menos, mais razoáveis com feminismo seja enquanto filosofia, prática ou ideologia. Há infindáveis polêmicas sobre ele, por isso convocam impulsos violentos ora para apoiá-lo, ora para sumariamente rejeitá-lo.
Márcia Tiburi defende que o feminismo seja mais um daqueles ideais que não produzem maiores consequências para o todo. Não se tem a garantia de que o feminismo seja ou venha a se transformar em ação ético-política responsável.
É indubitável que dentro de uma sociedade patriarcal, todos, até mesmo os omissos e silenciosos se posicionam diante do feminismo. Deve-se analisá-lo, seja de forma crítica, analítica ou apenas teórica, o que nos força a refletir sobre as posturas e as praxes vigentes.
Não basta pensar no feminismo como grande saída para todas as injustiças e desigualdades sociais e, naqueles que só o enxergam como mais um “ismo” eivado de ideologia e caracterizada por uma prática espontânea.
Evidentemente que se deve questionar a origem, as condições e os contextos onde se situa o feminismo. E, criticá-lo não significa impor destruição ou mesmo aniquilá-lo como prática ideal. Precisamos mesmo aperfeiçoar nossa percepção sobre o movimento e defini-lo como o desejo de se obter uma democracia radical voltada para a luta por direitos daqueles que padecem sob injustiças articuladas sistematicamente pelo patriarcado.
Isto implica ampla defesa do trabalho na qual está em jogo, o que se faz para o outro por necessidade de sobrevivência. O feminismo está intimamente ligado ao trabalho que é imposta por nossa civilização.
O trabalho cuja origem é o tripalium, isto é, o oposto do prazer. Aliás, o prazer custa caro para uma sociedade capitalista fulcrada da mais-valia e na meritocracia.
Contemporaneamente, o capitalismo está em crise e existe uma flexibilização quantitativa e, apesar dos veementes esforços os salários e o crescimento econômico continuam estagnados.
No capitalismo neoliberal vige profunda crise de legitimidade e ocorre o ressurgimento do populismo tanto situado à esquerda como o de direita. Deu-se, igualmente, o surgimento do feminismo sob diversas formas.
A derrota em 2016 de Hillary Clinton nas eleições nos EUA colocou em xeque o feminismo neoliberal que tinha objetivos galgados através do esforço individual de cada mulher que conquista posição de poder dentro do capitalismo.
As mais jovens feministas primam por um diferente feminismo seja implícita ou explicitamente anticapitalista. E, não se refere apenas em eliminar a discriminação baseada no gênero. O que se procura é a igualdade em se obter o respeito da dignidade humana para todos, sem nenhuma discriminação.
Nesse momento, com a desistência de Joe Biden, candidatou-se Kamala Harris, anunciando-se em campanha pela Casa Branca em 21.7.2024. Enfim, Kamala se tornou a primeira mulher afro-americana a ocupar a Vice-Presidência dos EUA sendo considerada uma política pragmática e que reflete o viés ideológico do Partido Democrata.
Kamala Harris também ficou marcada por sua defesa do controle de armas nos Estados Unidos; defendeu projetos que propunham a criação de um sistema de saúde universal no país; foi favorável à defesa da reformulação da política de imigração norte-americana, inclusive criticando a administração de Trump nessa área.
Harris estudou Direito e iniciou sua carreira na promotoria do condado de Alameda, na Califórnia. Tornou-se promotora-chefe em San Francisco em 2003, antes de ser eleita a primeira mulher negra procuradora-geral da Califórnia. No cargo, ganhou reputação como estrela ascendente do Partido Democrata, até ser eleita ao Senado americano.
Em mais de dois séculos de democracia, os eleitores nos EUA elegeram apenas um presidente negro e nunca uma mulher, algo que faz até alguns eleitores negros duvidarem de uma candidatura bem-sucedida da vice-presidente.
“A raça e o gênero dela serão um problema? Com certeza”, disse LaTosha Brown, estrategista política e cofundadora do Fundo Black Voters Matter, à agência Reuters.
Infelizmente, a diversidade humana ainda é um grande desafio também enfrentado pelo feminismo.