"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


Uma imensidão chamada Machado de Assis.

 

Resumo: Machado foi fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, além de ter escrito alguns dos maiores clássicos da literatura brasileira. E, não se limitou aos romances: escreveu também poesia, contos, crônicas, peças de teatro, críticas literárias e ainda atuou como jornalista. Sua obra revela as relações sociais de nossa sociedade. Os objetivos, interesses, ambições, típicos dessa sociedade, são mostrados ironicamente por Machado de Assis. Ao contrário de algumas obras sociológicas, que ficam flutuando na ficção, a obra machadiana relatou do que realmente existe. Epiléptico e gago, Machado de Assis foi vendedor de balas e sacristão da Igreja Nossa Senhora da Lampadosa, uma irmandade negra, na Avenida Passos, no Centro do Rio de Janeiro. Ele nunca frequentou escola ou faculdade, mas foi considerado um dos mais brilhantes autodidatas do seu tempo.

Palavras-chave: Literatura. Machado de Assis. Realismo. História da Literatura. Sociologia. Direito.

 

 

 

São praticamente dois séculos de existência, se estivesse vivo, no próximo 21 de junho, completa-se cento e oitenta e cinco anos de Machado de Assis. Joaquim Maria Machado de Assis foi um notável escritor brasileiro, reconhecido por críticos, estudiosos, escritores eleitores. É tido como o maior expoente da literatura brasileira, e sua produção literária abrangeu praticamente todos os gêneros, poesia, romance, crônicas, contos, jornalismo, dramaturgia e crítica literária.

Em vida testemunho a Abolição da Escravatura e ainda o fim do Segundo Reinado que foi substituído pela incipiente República, além de tantos outros eventos significativos que se deram ao fim do século XIX e início do século XX. Foi um atento comentarista e relator dos acontecimentos político-sociais de sua época.

Nasceu no Morro do Livramento (na época chamado de Morro da Providência)[1], no centro do Rio de Janeiro, oriundo de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e jamais frequentou universidade. Segundo Harold Bloom, conceituado crítico literário norte-americano, foi o maior escritor negro de todos os tempos.

Apesar que outros estudiosos preferem identificar Machado de Assis como mestiço, afinal era filho de negros alforriados e de uma portuguesa da Ilha de São Miguel. Seus biógrafos apontam que era interessado pela boemia e, pela Corte, nutrindo-se da elite intelectual e cultural da ex-capital do país. Assumira diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas.

Galgou precoce notoriedade nos jornais brasileiros onde publicou suas primeiras crônicas e poesias.  Foi um ativo registrador das enormes mudanças históricas na política e economia brasileira.

A extensa obra de Machado de Assis inclui dez romances, duzentos e cinco contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos e mais de seiscentas crônicas. É considerado o introdutor do Realismo no país, através da obra intitulada  "Memória Póstumas de Brás Cubas" de 1881.

Este romance é posto ao lado de todas suas produções posteriores, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, ortodoxamente conhecidas como pertencentes à sua segunda fase, em que se notam traços de crítica social, ironia e até pessimismo, embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que suas melhores obras são as do que se passou a chamar de "Trilogia Realista".

 Sua primeira fase literária é constituída de obras como Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde notam-se características herdadas do Romantismo, ou "convencionalismo", como prefere a crítica moderna.

A obra de Machado de Assim tem fundamental importância para as escolas literárias do país do século XIX e do século XX, e nos dias contemporâneos ainda atiça o interesse acadêmico... eu, particularmente, lancei uma obra intitulada Bruxo Jurídico, em três volumes, e utilizando suas obras, transformei-as em casos concretos para apreciar o direito da época e, ainda, o direito vigente.

Teve sensível influência em Olavo Bilac, Lima Barreto, Drummond de Andrade, John Barth, Donal Barthelme e, tantos outros. Em vida lançou o prestígio pelo Brasil e também em países vizinhos. É um dos grandes gênios da história da literatura juntamente com outros autores como Dante Alighieri, William Shakespeare e Camões... O que fiz no Bruxo Jurídico, fiz com Shakespeare e também lancei o Bardo Jurídico em quatro volumes.

Ao lado de Eça de Queiroz é considerado um dos maiores escritores da língua portuguesa do século XIX e fora incluído na oficial lista dos Heróis Nacionais do Brasil, sendo homenageado pelo principal prêmio literário brasileiro, o Prêmio Machado de Assis.

Aos vinte e um anos de idade era uma personalidade prestigiada pela elite intelectual carioca, tanto que Quintino de Bocaiúva o convidou para escrever no Diário do Rio de Janeiro, onde atuou como repórter e jornalista de 1860 a 1867.

Colaborou para o Jornal das Famílias sob pseudônimos: Job, Vitor de Paula, Lara, Max, e para a Semana Ilustrada, assinando seu nome ou pseudônimos. Bocaiúva admirava o gosto de Machado pelo teatro, mas considerava suas obras destinadas à leitura e não à encenação.

 Com a morte do pai, Machado dedica-lhe a coletânea de poesias “Crisálidas”: “À Memória de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, meus Pais.

Em 1867, subiu a escala funcional como burocrata, e no mesmo ano foi nomeado diretor-assistente do Diário Oficial por D. Pedro II.

Com a ascensão do Partido Liberal pelo país, Machado acreditava que seria lembrado por seus amigos e que receberia um cargo público que melhoraria sua qualidade de vida, contudo foi em vão.

À época de seu serviço no Diário do Rio de Janeiro, teve seus ideais combativos com ideias progressivas; por conta disso seu nome foi anunciado como candidato a deputado pelo Partido Liberal do Império — candidatura que logo retirou por querer comprometer sua vida somente às letras.

Para sua surpresa, a ajuda veio novamente de um ato de Pedro II, com a nomeação para o cargo de assistente do diretor, e que, mais tarde, em 1888, lhe condecoraria como oficial da Ordem Da Rosa.

Era amigo de José de Alencar, que lhe ensinou um pouco de língua inglesa. Ambos os autores, no mesmo ano, recepcionaram o ambicioso e famoso poeta Castro Alves, vindo da Bahia, na imprensa da Corte do Rio de Janeiro. Machado diria sobre o poeta baiano: "Achei uma vocação literária cheia de vida e robustez, deixando antever nas magnificências do presente as promessas do futuro.

Diz-se que Machado não era um homem bonito, mas era culto e elegante. Estava apaixonado por sua "Carola", apelido dado pelo marido.

A única nuvem negra a toldar a sua paz doméstica tenha sido um possível caso extraconjugal que tivera durante a circulação de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

 Em 18 de novembro de 1902, reverteu a atividade na Secretaria da Indústria do Ministério da Viação, Indústria e Obras Públicas, como diretor-geral de Contabilidade, por decisão do ministro da Viação, Lauro Severiano Müller.

Em 20 de outubro de 1904, Carolina morreu aos 70 (setenta) anos de idade. Foi um baque na vida de Machado, que passou uma temporada em Nova Friburgo.

 Segundo o biógrafo Daniel Piza, Carolina comentava com amigas que Machado deveria morrer antes para não sofrer caso ela partisse cedo. Seu casamento com Carolina fez com que ela estimulasse seu lado intelectual deficiente pelos poucos estudos a que tinha realizado na juventude e trouxe-lhe a serenidade emocional que ele tanto precisava por ter saúde frágil.

De acordo com alguns biógrafos, o túmulo de Carolina era visitado todos os domingos por Machado. Com a morte da esposa, entrou em profunda depressão, notada pelos amigos que o visitavam, e, cada vez mais recluso e doente, encaminhou-se também para a morte.

Mesmo abalado, continuava lendo, estudando, escrevendo, continuou participando de rodas de amigos e banquetes da elite carioca como homem público, embora de forma mais rara, trabalhando como diretor-geral do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas e participando ativamente também das sessões da Academia Brasileira de Letras, por ele presidida.

No primeiro dia de julho de 1908, Machado de Assis entra em licença para tratamento de saúde e nunca mais retorna ao Ministério da Viação. Para tratar dos ataques epilépticos e de outros problemas, opta tanto pela medicina tradicional quanto pela homeopatia. Atende-o o importante médico Miguel Couto, o mesmo que tratou de sua esposa Carolina, e que lhe receita o tranquilizante brometo, sem eficácia e com efeitos colaterais.

Seu último testamento é datado de 1906. O primeiro, escrito em 30 de junho de 1898, deixava todos seus bens à esposa Carolina. Com a morte desta, pensou numa partilha amigável com a irmã de Carolina, Adelaide Xavier de Novais, e sobrinhos, efetuando este segundo e último testamento em 31 de maio de 1906, instituindo sua herdeira única "a menina Laura", filha de sua sobrinha Sara Gomes da Costa e de seu esposo major Bonifácio Gomes da Costa, nomeado primeiro testamenteiro.

Em suas últimas semanas, Machado de Assis escreveu cartas a Salvador de Mendonça (7 de setembro de 1908), a José Veríssimo (1º de setembro de 1908), a Mário de Alencar (6 de agosto de 1908), a Joaquim Nabuco (1 de agosto de 1908), a Oliveira Lima (1 de agosto de 1908), entre outros, demonstrando ainda estar lúcido.

Às 3h20m de 29 de setembro de 1908 na casa de Cosme Velho,[79] Machado de Assis morre aos sessenta e nove anos de idade com uma úlcera cancerosa na boca;[109] sua certidão de óbito relata que morrera de arteriosclerose generalizada, incluindo esclerose cerebral, o que, para alguns, figura questionável pelo motivo de mostrar-se lúcido nas últimas cartas já relatadas.

Teve uma morte tranquila, cercado pelos companheiros mais íntimos que havia feito no Rio de Janeiro: Mário de Alencar, José Veríssimo, Coelho Neto, Raimundo Correia, Rodrigo Otávio, Euclides da Cunha.

Em nome da Academia Brasileira de Letras, Rui Barbosa encarregou-se de fazer-lhe o elogio fúnebre. De fato, uma multidão saía da Academia e sustentava o caixão do autor até o Cemitério São João Batista, enquanto outros acompanhavam de carro. Em Lisboa, todos os jornais da cidade publicaram uma biografia de Machado de Assis, anunciando sua morte.

A frase mais famosa do Machado de Assis é:"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito". E, mais outra frase memorável: “Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão”.

Machado de Assis superou todas as circunstâncias e se tornou o principal representante do realismo brasileiro, sendo mais conhecidos pelas obras de sua segunda fase, onde predominou a crítica feita à idealização romântica. Usou da ironia para criticar a elite burguesa que se mostrava corrupta, hipócrita e interesseira. Sua análise psicológica dos personagens retrata o monólogo interior e, o tema recorrente é adultério.

Quando valorizou mais a razão em detrimento da emoção. E, sua linguagem objetiva construiu um legado com traço universal, a contemplar o caráter humano e a denunciar o comportamento da elite brasileira. Enfim, entre as inúmeras lições, uma parece-me essencial: "O melhor de tudo é possuir-se a gente a si mesmo"...

 

Quem se interessar vide as obras em referência:

https://www.even3.com.br/lancamento-do-livro-bruxo-juridico-323685/

https://www.youtube.com/live/aOLNgjVy6Bg?app=desktop&feature=share

https://www.academia.edu/94737779/GISELE_LEITE_BRUXO_JUR%C3%8DDICO_TOMO_02_2_

https://www.researchgate.net/publication/367009914_Bardo_Juridico_volumes_12_3_e_4

https://giseleleite.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=7859642

https://www.youtube.com/watch?v=h-pMEp4AfKY

 

Referências:

LEITE, G. Ele não era branco. Negro, pobre, gago e epilético e o maior escritor do Brasil. Disponível em: https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/ele-nao-era-branco-negro-pobre-gago-e-epiletico-e-o-maior-escritor-do-brasil

Acesso em 15.6.2024.

_____________. A Filosofia de Machado de Assis. Disponível em:https://letrasdopensamento.com.br/articulista/gisele-leite-articulista/artigo/a-filosofia-de-machado-de-assis Acesso em 15.6.2024.

______________. HUMOR E IRONIA NO MACHADO. Disponível em:https://letrasjuridicas.com.br/articulista/gisele-leite-articulista/artigo/humor-e-ironia-no-machado Acesso em 15.6.2024.7

_______________________. ENTRE O BARDO E O BRUXO. Disponível em: https://letrasdopensamento.com.br/articulista/gisele-leite-articulista/artigo/entre-o-bardo-e-o-bruxo

Acesso em 15.6.2024.7

________________.O feminino em Machado de Assis. Entre a estória e a história. Disponível em: https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/o-feminino-em-machado-de-assis-entre-a-estoria-e-a-historia Acesso em 15.6.2024.

__________________. A prosa jurídica de Machado de Assis. Disponível em:https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-prosa-juridica-em-machado-de-assis Acesso em 15.6.2024.

__________________.Decifrando os olhos de ressaca 1 de Capitu. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/372293454_Decifrando_os_olhos_de_ressaca_1_de_Capitu Acesso em 15.6.2024.

 

 


[1] Seus primeiros moradores foram os ex-combatentes da Guerra de Canudos, que na época chamavam a Providência como 'Morro do Livramento'. Os primeiros moradores do Morro da Providência tiveram como vizinhos os ex-combatentes da Guerra de Canudos, que voltaram sem amparo e se mudaram para a comunidade. Nessa época, o Morro da Providência era conhecido como “Livramento” e em uma das versões, o atual nome surgiu porque em Canudos, na Bahia, havia um rio chamado Providência e isso inspirou o novo nome. Outra versão diz que providência era o que os moradores locais pediam em relação a melhores condições de moradia.

Uma imensidão chamada Machado de Assis.

 

Resumo: Machado foi fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, além de ter escrito alguns dos maiores clássicos da literatura brasileira. E, não se limitou aos romances: escreveu também poesia, contos, crônicas, peças de teatro, críticas literárias e ainda atuou como jornalista. Sua obra revela as relações sociais de nossa sociedade. Os objetivos, interesses, ambições, típicos dessa sociedade, são mostrados ironicamente por Machado de Assis. Ao contrário de algumas obras sociológicas, que ficam flutuando na ficção, a obra machadiana relatou do que realmente existe. Epiléptico e gago, Machado de Assis foi vendedor de balas e sacristão da Igreja Nossa Senhora da Lampadosa, uma irmandade negra, na Avenida Passos, no Centro do Rio de Janeiro. Ele nunca frequentou escola ou faculdade, mas foi considerado um dos mais brilhantes autodidatas do seu tempo.

Palavras-chave: Literatura. Machado de Assis. Realismo. História da Literatura. Sociologia. Direito.

 

 

 

São praticamente dois séculos de existência, se estivesse vivo, no próximo 21 de junho, completa-se cento e oitenta e cinco anos de Machado de Assis. Joaquim Maria Machado de Assis foi um notável escritor brasileiro, reconhecido por críticos, estudiosos, escritores eleitores. É tido como o maior expoente da literatura brasileira, e sua produção literária abrangeu praticamente todos os gêneros, poesia, romance, crônicas, contos, jornalismo, dramaturgia e crítica literária.

Em vida testemunho a Abolição da Escravatura e ainda o fim do Segundo Reinado que foi substituído pela incipiente República, além de tantos outros eventos significativos que se deram ao fim do século XIX e início do século XX. Foi um atento comentarista e relator dos acontecimentos político-sociais de sua época.

Nasceu no Morro do Livramento (na época chamado de Morro da Providência)[1], no centro do Rio de Janeiro, oriundo de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e jamais frequentou universidade. Segundo Harold Bloom, conceituado crítico literário norte-americano, foi o maior escritor negro de todos os tempos.

Apesar que outros estudiosos preferem identificar Machado de Assis como mestiço, afinal era filho de negros alforriados e de uma portuguesa da Ilha de São Miguel. Seus biógrafos apontam que era interessado pela boemia e, pela Corte, nutrindo-se da elite intelectual e cultural da ex-capital do país. Assumira diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas.

Galgou precoce notoriedade nos jornais brasileiros onde publicou suas primeiras crônicas e poesias.  Foi um ativo registrador das enormes mudanças históricas na política e economia brasileira.

A extensa obra de Machado de Assis inclui dez romances, duzentos e cinco contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos e mais de seiscentas crônicas. É considerado o introdutor do Realismo no país, através da obra intitulada  "Memória Póstumas de Brás Cubas" de 1881.

Este romance é posto ao lado de todas suas produções posteriores, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, ortodoxamente conhecidas como pertencentes à sua segunda fase, em que se notam traços de crítica social, ironia e até pessimismo, embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que suas melhores obras são as do que se passou a chamar de "Trilogia Realista".

 Sua primeira fase literária é constituída de obras como Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde notam-se características herdadas do Romantismo, ou "convencionalismo", como prefere a crítica moderna.

A obra de Machado de Assim tem fundamental importância para as escolas literárias do país do século XIX e do século XX, e nos dias contemporâneos ainda atiça o interesse acadêmico... eu, particularmente, lancei uma obra intitulada Bruxo Jurídico, em três volumes, e utilizando suas obras, transformei-as em casos concretos para apreciar o direito da época e, ainda, o direito vigente.

Teve sensível influência em Olavo Bilac, Lima Barreto, Drummond de Andrade, John Barth, Donal Barthelme e, tantos outros. Em vida lançou o prestígio pelo Brasil e também em países vizinhos. É um dos grandes gênios da história da literatura juntamente com outros autores como Dante Alighieri, William Shakespeare e Camões... O que fiz no Bruxo Jurídico, fiz com Shakespeare e também lancei o Bardo Jurídico em quatro volumes.

Ao lado de Eça de Queiroz é considerado um dos maiores escritores da língua portuguesa do século XIX e fora incluído na oficial lista dos Heróis Nacionais do Brasil, sendo homenageado pelo principal prêmio literário brasileiro, o Prêmio Machado de Assis.

Aos vinte e um anos de idade era uma personalidade prestigiada pela elite intelectual carioca, tanto que Quintino de Bocaiúva o convidou para escrever no Diário do Rio de Janeiro, onde atuou como repórter e jornalista de 1860 a 1867.

Colaborou para o Jornal das Famílias sob pseudônimos: Job, Vitor de Paula, Lara, Max, e para a Semana Ilustrada, assinando seu nome ou pseudônimos. Bocaiúva admirava o gosto de Machado pelo teatro, mas considerava suas obras destinadas à leitura e não à encenação.

 Com a morte do pai, Machado dedica-lhe a coletânea de poesias “Crisálidas”: “À Memória de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, meus Pais.

Em 1867, subiu a escala funcional como burocrata, e no mesmo ano foi nomeado diretor-assistente do Diário Oficial por D. Pedro II.

Com a ascensão do Partido Liberal pelo país, Machado acreditava que seria lembrado por seus amigos e que receberia um cargo público que melhoraria sua qualidade de vida, contudo foi em vão.

À época de seu serviço no Diário do Rio de Janeiro, teve seus ideais combativos com ideias progressivas; por conta disso seu nome foi anunciado como candidato a deputado pelo Partido Liberal do Império — candidatura que logo retirou por querer comprometer sua vida somente às letras.

Para sua surpresa, a ajuda veio novamente de um ato de Pedro II, com a nomeação para o cargo de assistente do diretor, e que, mais tarde, em 1888, lhe condecoraria como oficial da Ordem Da Rosa.

Era amigo de José de Alencar, que lhe ensinou um pouco de língua inglesa. Ambos os autores, no mesmo ano, recepcionaram o ambicioso e famoso poeta Castro Alves, vindo da Bahia, na imprensa da Corte do Rio de Janeiro. Machado diria sobre o poeta baiano: "Achei uma vocação literária cheia de vida e robustez, deixando antever nas magnificências do presente as promessas do futuro.

Diz-se que Machado não era um homem bonito, mas era culto e elegante. Estava apaixonado por sua "Carola", apelido dado pelo marido.

A única nuvem negra a toldar a sua paz doméstica tenha sido um possível caso extraconjugal que tivera durante a circulação de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

 Em 18 de novembro de 1902, reverteu a atividade na Secretaria da Indústria do Ministério da Viação, Indústria e Obras Públicas, como diretor-geral de Contabilidade, por decisão do ministro da Viação, Lauro Severiano Müller.

Em 20 de outubro de 1904, Carolina morreu aos 70 (setenta) anos de idade. Foi um baque na vida de Machado, que passou uma temporada em Nova Friburgo.

 Segundo o biógrafo Daniel Piza, Carolina comentava com amigas que Machado deveria morrer antes para não sofrer caso ela partisse cedo. Seu casamento com Carolina fez com que ela estimulasse seu lado intelectual deficiente pelos poucos estudos a que tinha realizado na juventude e trouxe-lhe a serenidade emocional que ele tanto precisava por ter saúde frágil.

De acordo com alguns biógrafos, o túmulo de Carolina era visitado todos os domingos por Machado. Com a morte da esposa, entrou em profunda depressão, notada pelos amigos que o visitavam, e, cada vez mais recluso e doente, encaminhou-se também para a morte.

Mesmo abalado, continuava lendo, estudando, escrevendo, continuou participando de rodas de amigos e banquetes da elite carioca como homem público, embora de forma mais rara, trabalhando como diretor-geral do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas e participando ativamente também das sessões da Academia Brasileira de Letras, por ele presidida.

No primeiro dia de julho de 1908, Machado de Assis entra em licença para tratamento de saúde e nunca mais retorna ao Ministério da Viação. Para tratar dos ataques epilépticos e de outros problemas, opta tanto pela medicina tradicional quanto pela homeopatia. Atende-o o importante médico Miguel Couto, o mesmo que tratou de sua esposa Carolina, e que lhe receita o tranquilizante brometo, sem eficácia e com efeitos colaterais.

Seu último testamento é datado de 1906. O primeiro, escrito em 30 de junho de 1898, deixava todos seus bens à esposa Carolina. Com a morte desta, pensou numa partilha amigável com a irmã de Carolina, Adelaide Xavier de Novais, e sobrinhos, efetuando este segundo e último testamento em 31 de maio de 1906, instituindo sua herdeira única "a menina Laura", filha de sua sobrinha Sara Gomes da Costa e de seu esposo major Bonifácio Gomes da Costa, nomeado primeiro testamenteiro.

Em suas últimas semanas, Machado de Assis escreveu cartas a Salvador de Mendonça (7 de setembro de 1908), a José Veríssimo (1º de setembro de 1908), a Mário de Alencar (6 de agosto de 1908), a Joaquim Nabuco (1 de agosto de 1908), a Oliveira Lima (1 de agosto de 1908), entre outros, demonstrando ainda estar lúcido.

Às 3h20m de 29 de setembro de 1908 na casa de Cosme Velho,[79] Machado de Assis morre aos sessenta e nove anos de idade com uma úlcera cancerosa na boca;[109] sua certidão de óbito relata que morrera de arteriosclerose generalizada, incluindo esclerose cerebral, o que, para alguns, figura questionável pelo motivo de mostrar-se lúcido nas últimas cartas já relatadas.

Teve uma morte tranquila, cercado pelos companheiros mais íntimos que havia feito no Rio de Janeiro: Mário de Alencar, José Veríssimo, Coelho Neto, Raimundo Correia, Rodrigo Otávio, Euclides da Cunha.

Em nome da Academia Brasileira de Letras, Rui Barbosa encarregou-se de fazer-lhe o elogio fúnebre. De fato, uma multidão saía da Academia e sustentava o caixão do autor até o Cemitério São João Batista, enquanto outros acompanhavam de carro. Em Lisboa, todos os jornais da cidade publicaram uma biografia de Machado de Assis, anunciando sua morte.

A frase mais famosa do Machado de Assis é:"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito". E, mais outra frase memorável: “Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão”.

Machado de Assis superou todas as circunstâncias e se tornou o principal representante do realismo brasileiro, sendo mais conhecidos pelas obras de sua segunda fase, onde predominou a crítica feita à idealização romântica. Usou da ironia para criticar a elite burguesa que se mostrava corrupta, hipócrita e interesseira. Sua análise psicológica dos personagens retrata o monólogo interior e, o tema recorrente é adultério.

Quando valorizou mais a razão em detrimento da emoção. E, sua linguagem objetiva construiu um legado com traço universal, a contemplar o caráter humano e a denunciar o comportamento da elite brasileira. Enfim, entre as inúmeras lições, uma parece-me essencial: "O melhor de tudo é possuir-se a gente a si mesmo"...

 

Quem se interessar vide as obras em referência:

https://www.even3.com.br/lancamento-do-livro-bruxo-juridico-323685/

https://www.youtube.com/live/aOLNgjVy6Bg?app=desktop&feature=share

https://www.academia.edu/94737779/GISELE_LEITE_BRUXO_JUR%C3%8DDICO_TOMO_02_2_

https://www.researchgate.net/publication/367009914_Bardo_Juridico_volumes_12_3_e_4

https://giseleleite.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=7859642

https://www.youtube.com/watch?v=h-pMEp4AfKY

 

Referências:

LEITE, G. Ele não era branco. Negro, pobre, gago e epilético e o maior escritor do Brasil. Disponível em: https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/ele-nao-era-branco-negro-pobre-gago-e-epiletico-e-o-maior-escritor-do-brasil

Acesso em 15.6.2024.

_____________. A Filosofia de Machado de Assis. Disponível em:https://letrasdopensamento.com.br/articulista/gisele-leite-articulista/artigo/a-filosofia-de-machado-de-assis Acesso em 15.6.2024.

______________. HUMOR E IRONIA NO MACHADO. Disponível em:https://letrasjuridicas.com.br/articulista/gisele-leite-articulista/artigo/humor-e-ironia-no-machado Acesso em 15.6.2024.7

_______________________. ENTRE O BARDO E O BRUXO. Disponível em: https://letrasdopensamento.com.br/articulista/gisele-leite-articulista/artigo/entre-o-bardo-e-o-bruxo

Acesso em 15.6.2024.7

________________.O feminino em Machado de Assis. Entre a estória e a história. Disponível em: https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/o-feminino-em-machado-de-assis-entre-a-estoria-e-a-historia Acesso em 15.6.2024.

__________________. A prosa jurídica de Machado de Assis. Disponível em:https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-prosa-juridica-em-machado-de-assis Acesso em 15.6.2024.

__________________.Decifrando os olhos de ressaca 1 de Capitu. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/372293454_Decifrando_os_olhos_de_ressaca_1_de_Capitu Acesso em 15.6.2024.

 

 


[1] Seus primeiros moradores foram os ex-combatentes da Guerra de Canudos, que na época chamavam a Providência como 'Morro do Livramento'. Os primeiros moradores do Morro da Providência tiveram como vizinhos os ex-combatentes da Guerra de Canudos, que voltaram sem amparo e se mudaram para a comunidade. Nessa época, o Morro da Providência era conhecido como “Livramento” e em uma das versões, o atual nome surgiu porque em Canudos, na Bahia, havia um rio chamado Providência e isso inspirou o novo nome. Outra versão diz que providência era o que os moradores locais pediam em relação a melhores condições de moradia.

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/06/2024
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