Devaneios
Se nossas escolhas já foram feitas
desde a genética até o acaso?
Se nossas respostas já foram dadas
desde o nascimento até a morte?
Se nossas tragédias já foram encenadas
sobre a palco da vida.
E nossas comédias até o final corte?
E, se tudo...
Absolutamente tudo.
Era previsível, risível e incontestável.
Não adiantava desistir.
Hesitar. Mendigar as gotas de orvalho
para matar a sede das essências
ou irrigar o horizonte com lágrimas.
Somos seres circunstanciais
Somos aborígenes em nossa própria treva.
A única luz que enxergamos
pode trazer a proeza de tatear o infinito.
Para conhecer a própria selva.
Uma palavra impronunciável.
Um gesto imaculado.
A aura sobre nossas cabeças
a reinar por entre pensamentos obscuros
Ou ainda, apenas por um momento imperdoável.
O texto intacto
ou resultado de agouros.
Nesses devaneios
folheando as páginas
secretas de poesias
absurdas.