Acordar
Depois de uma noite longa.
Uma madrugada cheia de mistérios.
É como cair
de uma onda em desintérios.
Acordo de manhã, cambaleante.
Procuro os óculos….
Confesso que já dormi com eles….
São amantes secretos
E fiéis….
E enxergar é viciante….
Não encontro os óculos.
Só enxergo borrões desfocados.
Vou procurar os óculos de reserva
Pergunto-me: será que existe
alma reserva?
Esperança reserva?
Ao colocar os óculos
os borrões desaparecem
Saio da fase Monet e,
entro o no realismo cáustico.
no estilo privê
Perdoem-me os puristas
mas, de manhã as essências estão
promiscuamente misturadas.
Ainda procurando a identidade.
Ou algum raio de sol
a iluminar a consciência
E lá fora, há um orvalho cálido
Dependurado numa rosa branca
Sua beleza imponente.
Seus espinhos atentos
E, a primavera terminando
esperando talvez outros ventos
ou a revelação sincera de alguma
fragrância.
Acordei.
Respirei profundamente.
E, segurei minha alma entre os dentes.