Um corpo e várias almas viajantes a habitá-lo em diferentes tempos. Depois da primavera, vem o verão a queimar nossas esperanças. O vento carregou o pólem e disseminou flores pelo caminho. Enfim, as estações do ano acontecem por causa da inclinação da terra em relação ao sol. Talvez seja a inclinação do corpo em razão das almas que o faz a viver tantas vidas, experiências e esperanças. Na catarse diária de escrever e ler... de decifrar as entrelinhas e os enigmas, a esfinge me devorou. E, regurgitou tudo, num processo microbiótico e complexo. Depois desse umbral, desses espíritos livres a vagar por infinitos ou por entre reticências, o que ainda restaria de nós? Temos um corpo que suporta muitas almas e reflexos invisíveis, como energia, poder e metafísica. Um pensamento entrou porta a dentro. A porta rangiu. Os trincos se fecharam e vedaram os estranhos de entrar... Proibições e seitas estranhas eram praticadas no cotidiano. Acordar, comer, trabalhar, voltar para casa, deitar novamente e dormir... e, no silêncio noturno entender a escrita das estrelas. Entender o arremesso dos astros. O riscar delicado dos dias, no calendário e, tempo passando. Pesando sobre os ombros que não são os de Atlas. O insólito era querer ser herói todos os dias, sem assumir nenhuma vilania. Nenhum pecado. Nenhum arrependimento. O insólito era tropeçar publicamente no tapete das etiquetas. E, ser grosseiro e brutal... ser o animal incivilizado travestido de ser humano. Educado, solene e domesticado. O insólito é o paradoxo, a mostrar publicamente o contraponto da essência. O avesso, do avesso do avesso.