Confissões.
Confesso que quando senti a poesia aproximar-se, minha alma quis fugir.
Exortar-se do corpo. Sair a procura de outro lugar para abrigar-se.
Enfim, esquecer-se da rima. Do lirismo desenfreado.
Da loucura frugal dos dias ruins.
Confesso quando vi todo aquele céu alojando tantas estrelas.
Havia um silêncio intrínseco, a soprar pelos ventos.
A rugir entre furacões e tempestades.
Confesso que quando senti tudo passar num túnel do tempo.
E no reino encantado das reticências o infinito é um tapete
Onde tropeçam as vaidades. As etiquetas absurdas.
Os rituais inúteis. A civilidade exacerbada.
Confesso, no fundo, tudo era passageiro.
Transitório e transigente.
E, o último suspiro imprimiu o folhear de uma página.
Todas as palavras foram escritas.
Os significados vagam no deserto.
E, a poesia é um oásis secreto.