Acordando
Acordando
Primeiro, a poesia me acordou.
E foi incrível, tudo rimava.
Tudo era melódico.
Havia um lirismo melancólico.
A sorrir para as estrelas
e contar nuvens.
A decifrar raios e fonemas.
E, com a semântica reinando…
Tudo era harmônico,
Tudo era escólio
E de cinzas e fuligens
A phênix renascia em sistemas.
Depois dormir ficou difícil.
Fechar os olhos
Ausentar-se em sonhos.
Ler e escrever parecia algo
absolutamente indispensável.
O ballet das letras.
O coral dos fonemas
O bailado dos significados
E crepitar da hermenêutica.
Hermes passeava nu diante de todos e
de tudo era enorme mosaico,
montava os sentidos, doutrinava
vertentes e, quebrava as correntes
mais grossas capazes de engessar
a proeza de entender tudo…
ou quase tudo.