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Eu e você nesse enorme universo.
Multiverso cheio
de meandros e ausências.
Há silêncios semânticos.
Há ondas de demências.
Há palavras vazias.
Olhares psicografados.
Textos encriptados.
Enigmas sem esfinges.
Esfinges sem enigmas.
E, eu estupefato.
Suspiro por um lirismo acabado.
Há uma ressalva implícita.
Há uma ofensa sub-reptícia.
Há uma blasfêmia ínsita.
A culpa na sombra dos passos.
Os passos perseguindo a culpa.
Não posso adorar deuses.
E, cultuar a morte.
Não posso idolatrar mitos.
E, ofender a realidade de estar aqui.
Contundentemente aqui.
Enraizada e cheia de benesses.
Meu degredo nessa plateia.
Percebe sua solidão
e, inquieta vai plasmando gestos,
gostos e valores.
Pranteia com sofreguidão.
Destruímos a arte.
Destruímos a humanidade.
Não tenho pátria, nem matéria.
Sou etérea e abstrata.
Sou fruto do descarte.
Há significado nonsense.
Minha loucura ofende a burguesia
que só deseja lucrar.
E, eu, só desejo mandar tudo às favas...
O abismo da falta de empatia
transformará esse planeta num
enorme deserto.
E, só sobrará essa poesia dadaísta.
A gritar, sem simpatia, avisando
do apocalipse.
Ou será apenas um eclipse?