Saudade daquele sol de manhã.
Da brisa e do orvalho na roseira
Do despertador barulhento.
De ter fé terçã.
Saudade do uniforme.
Da saia plissada e o cinto forrado.
Da estrela em forma de broche.
Colocada na blusa.
Deixando-me condecorado.
Adorava ser normalista.
Aliás, a escola era o segundo lar.
A bibliotecca um pequena paraíso.
Na conturbada vida lá fora.
Nos livros, tudo era possível.
Inclusive o direito de ser ímpar.
No trânsito barulhento.
No ônibus lotado.
No suor amaldiçoado.
E. na pressa infinita.
Num viver açodado.
Minha memória arquiva
saudades infinitas
e se esquiva
das dores de crescer.
Saudades do apontador de lápis.
De escrever alinhadamente.
Minhas pobres poesias
Que rimavam com alegrias
ínfimas.
Saudades de ter saudade.
De suspirar em reticências
De observar as essências
se misturarem, evoluírem
e, deixar tudo em plena liberdade
Para nascer, crescer e morrer.
E, ter dignidade.
Porque somos finitos.
Porque somos incompletos.
Principalmente, os prematuros
Que nasceram e expulsaram-se
do ventre materno
na sede de vida,
na sede infinita
de sobreviver.