"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


As pragas do Egito

 

O verdadeiro propósito divino em enviar as dez pragas sobre o Egito foi de cimentar convencimento no faraó para que libertasse os hebreus e permitisse que adorassem a Deus. Depois das pragas, não sobrou muito do Egito e da divisão do Mar Vermelho. Enfim, os egípcios segundo as Sagradas Escrituras perderam o exército, as colheitas, o gado e até os filhos primogênitos. As dez pragas do Egito são encontradas na Bíblia desde Êxodo 7:14 até Êxodo 12:36.

A primeira praga ocorreu quando a água virou sangue, e os peixes morrerram e, então, o Rio Nilo ficará sujo e os egípcios tiveram dificuldades para beber a água do rio.

Alguns argumentam que essa praga consistiu apenas na transformação das águas em uma coloração vermelha. Eles alegam que talvez isso tenha acontecido pela mistura da argila vermelha que descia das terras altas da Etiópia. Porém, o termo original hebraico nunca é utilizado para denotar cor vermelha, mas sempre o sangue como substância. Além de ser a fonte da vida agrícola do Egito, o rio Nilo era cultuado como um tipo de divindade. Quando Deus feriu as águas daquele rio, isso também significou um ataque ao panteão dos deuses egípcios. Os magos do Egito conseguiram imitar essa praga, e Faraó foi endurecido

A segunda praga foi a dos sapos. A propósito, Bertha Lutz bióloga e feminista iria apreciá-la, pois era estudiosa dos sapos, tanto que duas espécies carregam seu sobrenome, em homenagem. Quando o Senhor ao se dirigir ao Faraó, pediu para que soltasse os hebreus, sob pena de que todo o território egípcio fosse coberto por sapos. E, serão tão abundantes as rãs, que subirão e entrarão na casa, no quarto, na cama e nas casas dos servos do faraó. E, ainda os sapos subirão sobre o rei, sobre o teu povo e sobre todos teus servos.

Com essa praga, Faraó pediu que Moisés e Arão rogassem ao Senhor para que as rãs fossem tiradas de sobre as casas dos egípcios. Ele também prometeu libertar o povo. Entretanto, logo depois do fim da segunda praga, Faraó continuou com o coração endurecido.

Aqui é importante saber que na cultura religiosa egípcia, as rãs representavam a deusa Heqet. Combinado ao fato de que o rio estava produzindo tais rãs, isso significava que dois elementos sagrados do paganismo egípcio estavam lhes representando desgraças. Os magos do Egito também conseguiram imitar a segunda praga.

Então veio a terceira praga que era composta de piolhos e mosquitos. Aarão estendeu a mão com a vara e feriu o pó da terra e, se tornou em piolos de homens e animais. Todo o pó da terra tornou-se piolho que se disseminou em todo Egito.

A quarta praga foi a das moscas que nos demonstram com certeza científica como um ser minúsculo e de vida breve pode ser irritante e inconveniente. Essa praga consistiu em enxames de moscas que castigaram todos os egípcios, porém as moscas não atingiram os israelitas. Durante essa praga, Faraó tentou negociar um acordo com Moisés. Ele queria que o povo de Israel adorasse a Deus no próprio Egito.

As dez pragas do Egito são uma narrativa bíblica encontrada no livro de Êxodo. Essa narrativa fala sobre o envio de dez pragas por Deus para punir o Egito. A punição se deu porque os israelitas eram escravizados no Egito, e o faraó recusava-se a libertá-los. O líder dos israelitas no processo de libertação desse povo foi Moisés.

A historiografia considera que essa narrativa é um mito, não possuindo lastro na realidade factual. Não há provas científicas ou históricas que certifiquem que o Egito foi realmente atingido pelas pragas. Entretanto, alguns pesquisadores afirmam que os fenômenos narrados na história bíblica poderiam ter acontecido, por causas naturais.

A quinta praga atingiu o gado e abateu também os cavalos, jumentas, camelos e ovelhas. Era uma pestilência severa e fatal para que o Senhor fizesse a diferença entre o gado de Israel e o rebanho do Egito.

A sexta praga era das chagas ou feridas. Então disse o Senhor a Moisés e a Aarão: Tomai vossas mãos cheias de cinza de uma fornalha e distribui-a aos céus, à vista de Faraó. E tornar-se-á poeira fina em toda a terra do Egito, e causará furúnculos que irrompem em feridas no homem e na besta por toda a terra do Egito ”(Êxodo 9: 8-9).

Deus ordenou que Moisés e Arão apanhasse nas mãos um punhado de cinzas de forno e atira-se para o céu na presença de Faraó.

Quando fizeram isso, todos os homens e animais do Egito foram castigados com úlceras, inclusive os magos que no começo das dez pragas tentaram imitá-las. Diante de todo esse sofrimento, Deus endureceu o coração de Faraó e ele não deixou o povo de Israel partir.

A praga do granizo que caiu por todo Egito, e atingiu a todos, seja homem, fera e em toda erva do campo. Então, o Senhor enviou trovões e granizo e o fogo se lançou ao chão. E o Senhor fez chover chuva sobre a terra do Egito.

 Aquela chuva de pedras misturada com fogo não era algo natural, mas algo que revelava a soberania de Deus sobre toda a criação.

Antes, Deus também avisou que quem quisesse sobreviver, que se recolhesse em suas casas. Alguns dos oficiais de Faraó, já tendo aprendido a temer a palavra do Senhor, recolheram seus servos e gados em lugares seguros.

A oitava praga foi a de gafanhotos, como o faraó se recusava a deixar os hebreus, o Senhor trouxe os gafanhotos em se território. E cobrirão a face da terra, de modo que ninguém poderá ver a terra; e comerão o restante daquilo que te resta da granizo e comerão toda a árvore que te cresce do campo. (Êxodo, 10:4-5).

Antes de o Egito ser castigado por gafanhotos, Faraó tentou negociar mais um acordo com Moisés, mas a proposta foi recusada e os gafanhotos cobriram toda a terra do Egito. Faraó então mandou chamar Moisés e mais uma vez confessou ter pecado. Ele pediu que Moisés orasse ao Senhor para que os gafanhotos se retirassem, mas no final terminou endurecido.

A nona praga é a mais pavorosa, porque depois de tantas tragédias naturais, fez-se as trevas sobre o Egito por três dias. A derradeira e décima praga foi a morte dos primogênitos e atingiu desde o primogênito de Faraó que está assentado no seu trono até ao primogênito da serva que está por detrás do moinho de mão e de todos primogênitos dos animais.

 Não se tratava de um tipo de tempestade ou eclipse do sol, mas de trevas sobrenaturais originadas diretamente da intervenção divina.

Os egípcios celebravam a luz do amanhecer como sendo um ato de vitória do deus-sol, Rá, sobre a serpente do caos e das trevas. Quando aquelas densas trevas cobriram o Egito, isso significou uma demonstração clara da superioridade do Deus de Israel sobre o panteão egípcio. Em contra partida, os israelitas eram os únicos que possuíam luz onde habitavam.

Em verdade, a razão para as pragas é tema recorrente. E, por causa da repetição que narra os caminhos de Deus, as razões relatadas para os sinais e julgamentos são de primeira importância. O endurecimento do coração do faraó continua sendo clássico enigma da relação de Deus e os seres humanos. Nas nove primeiras pragas, a tentativa de abrandar a crueldade farônica foi clara.

A primeira praga, refere-se a Hapi (também chamado de Apis), o deus do touro, o deus do Nilo juntamente com Ísis, a deusa do Nilo.  A segunda praga se referia Hequet, a deusa do anscimento, com cabeça de sapo. E os mosquitos se referiam a Set, deus das tempestades do deserto. E, as moscas, ao dus do sol (Rá), possivelmente representado pela mosca.

A morte do gado se referia a Hathor, uma deusa cuja cabeça era de uma vaca e Apis, o deus touro que representavam fertilidade.

Quanto as chagas se referiam a Ferve, a deusa co poder sobre a doença, também chamada de Sekhmet. E, igualmente a Ísis, a deusa da cura.

Nut, a deusa do céu e Osíris, o deus das colheitas e fertilidade e, ainda a Set deus das tempestades do deserto, que saudavam a vida e prosperidade dos egípcios.

Quanto aos gafanotos, novamente Nut, a deusa do céu e Osíris são conclamados. As trevas uma clara reverência a Rá, o deus do sol e, a Hórus, outro deus do sol. E, Hathor a deusa do céu. Por fim, a morte do primogênito fora invocação direta a Min, o deus da reprodução, a Heqet, a deusa que atendia as mulheres na hora do parto e, ainda, a Ísis que protegia as crianças. Aliás, o filho primogênito do faraó era considerado também um deus.

De fato, com as dez pragas Deus derrotou todos os deuses egípcios, mas há problemas históricos em correlacionar cada praga com uma antiga divindade egípcia em particular. E, muitos deuses e deusas tinham múltiplas funções e responsabilidades, ficando difícil saber ao certo qual divindade estava sendo atacada por determinado sinal.

O significado básico da dureza de coração é a teimosia e a rebelião – o oposto da humildade, da fé, de um coração circuncidado, da obediência e assim por diante. A característica perturbadora do coração duro do faraó é que Deus o endureceu. Para entender o significado do coração endurecido do faraó, o contexto em que está inserido precisa ser entendido. Assim, precisaremos entender a estrutura das pragas.

Os dez signos estão dispostos em três conjuntos de três pragas, que se encaminham para a décima praga prevista. O endurecimento do coração do Faraó aparece antes e depois da série de pragas, bem como entre cada um dos julgamentos. A narrativa mostra que o endurecimento de seu coração é o traço único comum a todas as dez pragas. A atenção repetitiva à condição cardíaca do faraó obriga os leitores a ponderar sobre o assunto. O narrador localizou o coração do faraó como a preocupação central da série de julgamentos que levaram à morte de seu primogênito.

Para a religião, as dez pragas do Egito foram usadas com a intenção de provar o poder de Deus contra os deuses egípcios, e assim mostrar a sua supremacia. Até a última praga todos os deuses iriam ser julgados.
O evento das pragas resultou no desfecho das tradições das tribos israelitas, fez parte da batalha entre o poder do Deus dos hebreus e os deuses egípcios. Moisés e seu irmão Arão contra Faraó e seus sacerdotes que retratavam através da arte, as dez pragas do Egito.

O povo israelita conseguiu ser libertado e se convenceram do poder de seu Deus, seguiram para a travessia do deserto sentido a terra prometida. Deus propagou o seu projeto para o povo escolhido e instituiu uma aliança perpétua com as tribos de Israel.

Foi então que a Páscoa foi instituída, celebrando primeiro a libertação dos israelitas da escravidão e logo depois o cristianismo a ressignificou, passou a simbolizar a ressurreição de Jesus Cristo. 

A Bíblia, a ciência e a história têm justificativas próprias para os acontecimentos retratados nas dez pragas do Egito. O consenso é: se ocorreram, o que não falta são explicações que mostram cada calamidade. O Êxodo narra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, prefigurando a libertação ainda maior alcançada por Jesus Cristo – a redenção do pecado. 

A morte dos primogênitos causou o maior vexame para a religião do Egito, cujos governantes se autoproclamavam divinos, chamando a si mesmos de “filhos de Rá”. Essa praga foi uma grande humilhação para eles. 

Sob pressão popular, faraó enviou seus principais oficiais durante a noite para chamar os líderes hebreus que havia ordenado a nunca mais ver.  A rendição de faraó foi completa. Ele não apenas permitiu que os hebreus partissem, levando tudo o que possuíam, mas também pediu algo inimaginável para Moisés e Arão: “levem os seus rebanhos, como tinham dito, e abençoem a mim também” (Êxodo 12:32). 

Cumpre traçar as possíveis explicações científicas para as pragas do Egito conforme duas principais correntes, a saber: quanto ao sangue no Nilo, pela Teoria natual, o tom vermelho das águas do rio seria resultante da proliferação de algas vermelhas altamente tóxicas ou ainda de uma chuva que levou rochas dessa cor até o Nilo.

Já pela teoria vulcãnica, foi o vulcão situado na Ilha de Santorini, a setecentos quilômetros do Nilo que entrou em erupção, provocando terremotos e fissuras no mundo do rio e, das fendas saiu um gas que se misturou ao ferro do rio, criando a ferrugem que coloriu toda a água do rio Nilo.

A praga da proliferação das rãs, segundo a Teoria natural, seria resultado da praga anterior em razão das altas toxinas das algas que fariam com que os sapos abandonassem o rio e invadissem as regiões ao redor. Pela teoria vulcânica foi o gás liberado pelas fendas e que deixou as águas do rio sem oxig~enio e assim os sapos fugiam para a superfício e começaram a invadiar as áreas habitadas pelos egípcios.

Quantoa  praga dos piolhos segundo teoria natural foi um temporal seguido de clime quente e seco que gerou a multiplicação de ovos de piolhos. Era um inseto comum no Egito antigo e, muitos egípcios raspavam a cabeça para evitá-lo. Já a teoria vulcânica que a infestação de piolhos ocorreu em face da falta de água limpa que criou um contexto propício para a reprodução de insetos.

A praga do enxame de moscas de acordo com o físico Colin Humphreys diz que as moscas se multiplicam por causa da morte dos sapos, seus predadores natuais. E, Roger Wotton, biólgo inglez afirma que o mosquito existe em forma de enxames densos. Já pela teoria vulcânica, as moscas surgiram por duas motivações: a falta de água, o que provocou falta de higiene. E, ainda, a morte de animais do ecossistema do Nilo.

Quanto a peste nos animais, para Humphreys um dos culpados é a chamada mosca-de-estábulo que carrega vírus fatais tanto para vacas como para cavalos. E, foi a grande quantidade de picadas que provocou a peste.
Pela teoria vulcânica, foi a cadeia de eventos que começou com a falta de água que acarretou a proliferação de insetos, que picam os animais rurais, provocando doenças. E, explicação é muito criticada.

Quanto as chagas nos homens seriam consequência multiplicação de insetos, como o mosquito denominado Culicoides canithorax. Já, a teorai vulcância em 1985. um lago situado em Camarões ficou vermelho por conta de vazamentos de gás e, os moradores ganharam bolhas por causa dos gases. O mesmo poderia ter acontecido com o rio Nilo.

A chuva de pedras  ou chuva de granizo maiores que o normal e misturadas aos relâmpagos. Apesar de raras, as chegas de pedras acontecem durante tempestades. Pela Teoria vulcânica há um papiro citado no ffilme que relata saraivas semelhantes às da Bíblia, e as cinzas do vulcão em contato com a atmosfera provocaram uma chuva de fogo e de gelo.

Quanto à nuvem de gafanhotos é justificada pelas inúmeras alterações ambientais, o que gerou a mudança de comportamento dos gafanhotos, provocando as nuvens. E, o solo úmido da chuva de granizao também atrairia os gafanhotos. Porr outra teoria, a erupção do vulcão do Santorini teria desequilibrado o clima, elevando as temperaturas e forçando a migração dos insetos. E, os enxames de gafanhotos são comuns em muitas partes da África.

A respeito das trevas no céu, a escuridão no céu do Egito poderia ser provocada por tempestades de areia chamadas khamsin, por um eclipse solar total ou até mesmo pelos densos enxames de gafanhotos 
Pela teoria vulcânica, a escuridão teria sido motivada pelas nuvens de cna que ele lançou. A força da erupção do Santoriini faria com que a nuvem viajasse até o Egito tapando o Sol e escurecendo totalmente o céu.

Por final, a morte dos primogênitos deveu-se ao fato de que tradicionalmente, os filhos mais velhos comem antes dos demais irmãos. E, por isso, morreram antes com a comida contaminada por falta de higiene. Outra teoria defende que os filhos mais velhos dormem mais próximos ao chão, segundo o documentário. Entre os gases que vazaram, estaria o dióxido de carbono, que se desloca junto ao solo, matando quem o inala. 


 

 

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/04/2024
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