Enfim, Matias revelou que só a vaidade é constante em nós. Há a vaidade associada às certas castas sociais, tais como a nobreza, clero e a elite intelectual. Já, a vaidade em situações-limite tais como o sofrimento, o suplício e a iminência da morte. E, ainda, numa terceira versão, a vaidade como virtude. E, por fim, a vaidade de não ter vaidades. Matias era uma brilhante professor universitário, versado em Literatura e estudioso da mitologia greco-romana. Era um solitário, já passara dos quarenta anos e, já surgiram os primeiros cabelos brancos. Não se casara embora tenha noivado por três vezes. Sempre que se aproximava a data fatal para o casamento, ele temeroso desistia. Temia tudo, o futuro, e principalmente que as relações afetivas se desfizessem feito água... A sua última noiva era Marília uma grande profissional, administrava as empresas do pai, bem nascida, com acervo patrimonial expressivo. E, Matias diante de tudo, se sentia reles e quase inútil. Faltam poucos dias para o casório e, resolveu escrever uma carta para Marília rompendo tudo. Portava uma mão solitária ao escrever palavras sinceras sobre o porquê desistira de tudo. Começou assim: "Querida e para sempre amada Marília. Sou um fraco e solitário contumaz. Não posso levar minha vida miserável ao lado de sua brilhante existência. Esqueça-me, sepulte-me no terreno fértil das vaidades e, depois, com tempo me perdoe... Existem realmente pessoas destinadas apenas à solitude". Marília abriu a carta, leu e chorou. As lágrimas mancharam a tinta da caneta e, o azul esmaeceu igual o céu de outono.
P.s. Vanitas vanitatum et omnia vanitas (em português, 'vaidade das vaidades, tudo é vaidade')