Fio da navalha
De um lado tem o sol.
De outro, tem as trevas.
Elas são muitas e profundas.
De um lado tem o brilho
Incessante e cativo.
De outro, tem o mistério
dramático,
a suspeita fecunda.
A semear o medo.
O amor e a paixão
por arremedo.
Por enredo da vida.
O tropeçar no tapete
público das cortesias
E, sincero agir com
alegria.
Não sou mais nem menos.
Não sou superior nem inferior.
Não quero ser dona do paraíso.
Nem do inferno.
Apenas o meu lugar no mundo
e por enquanto,
porque o resto é passagem.
É viver se equilibrando no fio
da navalha
Para não ser um canalha
E, queimar a palha dos tempos
no reino das reticências.