"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos

silêncio profundo
Silêncio profundo
Os pássaros pararam de cantar
E o farfalhar de suas asas
Parecia um ritmo secreto
Um sincronismo misterioso
Mantido com compassar do tempo

Na estante uma ampuleta deixa
vazar a areia delicadamente fina,
E sincera a denunciar o vazio que há
entre o recente passado e o presente.

Esse é o silêncio dos monges
Daqueles que meditam em prece, agonia ou solidão
Silêncio da clausura
Das portas fechadas, trancadas
Com tramelas de ferro pesadas

Silêncio, denso e cortante
A fatiar nossa alma em lembranças
Em agonias perdidas
pelos cantos da casa

Silêncio interrompido por passos
Sobre a tábua corrida,
Sobre a madeira escura pelo tempo
Silêncio repleto de odores estranhos
Papoulas, jasmim, lavanda e
eucalipto

Silêncio sinistro
dos que tramam assassinatos
Dos que arquitetam algum plano perfeito
Para ser feliz ou morrer

Porque nessa vida, tudo é assim
absurdamente paradoxal
Radicalmente oposto e complementar

O silêncio aguarda a palavra certa
ou incerta reticência
A brindar a dúvida misteriosa
Incrustada nas hesitações diárias,
colocadas sobre o jardim
do imaginário.

As lágrimas caem em silêncio
As almas aguardam em silêncio
Em silêncio morremos,
E permanecemos nele, reféns
até o resgate mágico
da palavra.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/01/2008
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