Paródia do poema No Meio do Caminho
de Carlos Drummond de Andrade
Talvez fosse melhor o caminho do meio.
Mas, tinha uma pedra no meio do caminho.
No meio de caminho tinha uma pedra.
E, ela quase que caminha...
Minha memória inexorável
carregando minhas retinas cansadas
Estão exaustas porque não podem
esquecer que tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
Uma pedra, ou seria uma perda?
Até pensei em Pedro portando um molho de chaves
para abrir as portas no meio do caminho.
No meio do caminho tinha uma pedra.
tinha o meio.
e, finalmente, tinha um poeta.
Observação:
Uma das interpretações possíveis do poema é de cunho biográfico.
Drummond se casou em 26 de fevereiro de 1926 com a amada Dolores Dutra de Morais. Um ano depois nasceu o primeiro filho do casal: Carlos Flávio. Por uma tragédia do destino, o menino sobreviveu apenas por meia hora.
Entre janeiro e fevereiro de 1927 foi encomendado ao escritor um poema para o primeiro número da Revista de Antropofagia. Drummond, imerso na sua tragédia pessoal, mandou então o tal polêmico poema No Meio do Caminho. A publicação da revista saiu no ano a seguir, em 1928, consagrando o trabalho poético do autor.