Durante a narrativa, Cecília que era extraordinária professora, agradecia aos colegas, aos alunos, pois estava se aposentando. Essa seria a sua derradeira aula. Estava visivelmente emocionada, e tantos fatos percorreram o flash da memória... o início, o medo de alguns alunos e mesmo dos pais de alunos. A violência presente dentro e fora da escola. Mas, prevalecia a vontade de edificar, de construir o conhecimento e, cultivar uma aprendizagem saudável e interessante.  Lembrou-se um fato curioso, quando descobrira, por mero acaso, dois pais analfabetos e, que então, passou a dar-lhe aulas depois das reuniões de professores e pais... E, quando eles, finalmente, aprenderam a ler e escrever escreveram um poema para ela... " D.Cecília. Nossa musa educadora. Nossa esperança renovada... Agora, não fico mais com medo das letras e nem dos números. Descobri um mundo novo e vasto. Minha redentora Cecília...". Nunca esqueciam o aniversário de Cecília, tinha bolos, quitetutes e muito afeto... abraços emocionados, olhos brilhando na direção do futuro. Mas, depois de mais de três décadas de dedicação, é chegada a hora da merecida aposentadoria. A diretora Euzébia era rigorosa, parecia um general aquartelado disse-lhe algumas palavras castrenses: - Você é uma guerreira implacável. Não desistiu. Nunca esquecia da necessidade de resistir... Por vezes, a trama da realidade era dramática, mas com paciência e dedicação se conseguia, afinal investir no crescimento humano. O último dia, o último conto.  E, começou a distribuir entre os colegas algumas coisas de seu armário de aço que blindava tantas lembranças e utilidades... A última recordação que guardou com imenso carinho foi o guarda-pó, todo branco... com o nome bordado em vermelho... um primor. A última aula não foi, ainda bem, a última lição.