Em vetusta época, as mães enfeitavam seus filhos com laços de fita de cetim. Recordo-me de ter sofrido por esta estranha estética de gosto duvidoso... E, os laços variavam de tamanho... Lembro-me que o meu laço era rosa claro e enorme... Depois, íamos ao fotógrafo (lambe-lambe) para ele eternizar o suplício e, ainda tínhamos que fazer uma cara de feliz e animada... Nada mais desafiador. Minha madrinha era uma mulher importante e ia fazer uma festa em pleno outubro, como era o mesmo mês de meu aniversário, ela fez questão de comprar-me toda indumentária. E, obviamente, incluia-se o maldito laço de fita... mas, por que diabos, alguém achava que aquilo era bonito?... Ademais, equilibrar a cabeça e os cabelos dentro do laço era uma tarefa hercúlea.  Enfim, eu era uma criança cordata, e cumpria o que me era solicitado. Logo depois da fotografia, sussurrei para minha avó: - Posso me libertar do laço?  Minha avó, com ar supreso, disse:- Pode, mas está tão lindo... E, sorri amarelo e, tirei aquele algoz que tanto me incomodava... Guardei esse laço no fundo de uma gaveta. E, quando o reencontrei vieram os flashes das cenas vividas... E, o tempo não volta e, ele agora amarelado, apenas anunciado, foi um tempo que passou... Gavetas guardam memórias e, a consciência guarda afetos.