Abri a janela
Chovia torrencialmente
Raios e trovões
As gotas caiam violentamente
lavavam o chão, o céu e alma...
O cheiro da chuva era imanente...
O calor armazenado do chão
subia em forma de vapor...
O ego da gente gemia
sorrateiramente
armazenado em cantos
emergia em forma de olhares,
palavras ou gestos...
Havia a poesia lá fora.
Lavada ou suja.
Seca, úmida ou molhada.
E os trovões eram tenores
a reverberarem a cena.
Abri a janela.
Abri e vi a chuva
A água batendo no chão
num tom esquisito.
E os raios
davam breves luzes sobre tudo...
Pensamento é raio...
Pensamento é poesia.
Pensamento é sangue da gente
invisível, impalpável e tão concreto.
Como o concerto hídrico lá fora.
Abri a janela.
Abri a visão.
Descortinei-me em meu mundo
A poesia absoluta de um temporal.