A mão sobre o cinzel. A pintar o sentimento da alma sobre a tela.
A tela dócil, absorve tudo silenciosamente. E, constrói a máscara do sentir. Do entender, do ver e decifrar...
A lua lá fora envolta dos ventos e, da escuridao da noite. Tão clara e bela. Tão majestosa e soberana.
E, minha mão pequena a tentar reproduzi-la. Como se fosse possível. Criador e criatura convivem no momnto mágico da criação.
Como se fosse real... ter uma lua privativa dentro do quarto de dormir.
A mão sobre o cinzel.
A recriar o mundo, os sentidos, valores e signos sob a trama discreta do momento. O arrebatamento. A dor de cindir-se estar e ser. Ver, exergar e perceber...
Tantos verbos. Tantas ações, numa dinâmica gigante e avassaladora. E, giram os ponteiros do relógio.
E, passam segundos, minutos, horas, dias, meses, anos. E, pior, passam séculos. E, muita coisa permanece intacta, lubrificada e transfigurada. Misogenia. Descriminação. Preconceito. A docilidade submissa. O olhar oblíquo de cigana dissumulada... Tem dias, que todas nós secretamente somos Capitu.
Somos Lady Godiva. Somos Joana D'Arc... somos Maria Antonieta, Rainha Elizabeth e até Beth Sabah.
Desejamos, seduzimos, desdenhamos e produzimos... Mas, somos apenas mulheres... com saias, calças e sutiãs apertados no peito a conter um coração generoso e sangrento.
Temo que o ajuste peitoral serve para conter os sentimntos tão violentos viscerais.