Para a poesia tudo é possível
Em plena primavera, no jardim
há uma flor a chorar
gotas de orvalho na manhã
plausível.
Que vai aquecendo e então
tórridos os sentimentos
vão evoluindo sem fim
quando chega ao abismo,
eles dançam e rodam em todo
cenário...
ensaiam de roldão...
O pássaro com seu voo
risca de poesia nos céus,
tangencia as nuvens,
esquadrinha a libertação
de almas recolhidas
numa existência temporânea.
Para a poesia tudo é plausível
A chuva, a tempestade, intempéries
A poesia despe-se despudoradamente
Fica nua no inverno ou no verão.
Não tem vergonha.
Nem sempre cognoscível.
Sentimo-la... mas por vezes,
nos faltam as palavras para descrevê-la
Há a poesia no sustenido.
Há no sofejo engraçado da fonética
regional ou mundial.
Há no ranger das portas ou em zunido.
Há a poesia encanhada
no canto da sala
observando tudo abobada
No sorriso sutil da Mona Lisa.
Ou no riso rasgado do Palhaço Alegria.
Para a poesia tudo é possível.
Tudo é risível.
Tudo é sensível.
Tangível e inefável.