Eis que a lua azul
enebria e embriaga-me
minhas ilusões
afogam-se em lágrimas
e, em orvalhos matutinos...
Aos primeiros raios do sol
os poemas nascem
tímidos, apequenados e vãos.
A Branca de Neve não veio.
Não havia príncipe.
Arre! Porque há tantos príncipes
esperados no mundo?
Enquanto há vassalas e servas
esperando chegar felicidade.
Ou amor, ou algum esteio.
Eis a lua azul,
cianótica
respirando o lirismo bastardo,
de obscenidade nas entrelinhas
Do corpo roçando na alma
expelindo fagulhas de fogo
ou resposta à febre terçã.
Eis a lua azul
no fim da tarde,
no começo da noite.
A imensidão infinita
de reticências poéticas.
No horizonte disperso
há estrelas cadentes,
há desejos ardentes,
palavras implícitas
de sentimento adverso.
Somos tão diferentes
plurais, boçais
iguais e diversos
No verso há o azul.
E uma violeta no vaso,
o amarelo do sol,
a queimar retinas e sonhos.
Lá fora a lua azul
Permite imaginar o bônus
de existir e viver.
Ou seria, viver para existir?