A poesia trabalha com piedade.
Tem pena do poeta.
Do ouvinte
e do que inspira a poesia.
As rimas não acontecem
A fonética emudece.
O deserto floresce.
A primavera seca.
Mas, o verão tórrido
vem a aquecer corações gélidos
abandonados entre os icebergs.
A poesia trabalha com piedade.
Chora diante da cena triste.
Desespera-se diante da indiferença.
Choca-se com a desumanização.
Nega-se ficar inerte.
Há poesia que dorme nas frestas
E entre a santidade
Permanece enriste
E, grita.
Esperneia.
Rufa tambores e
arrebenta grilhao
Lutemos.
Enquanto houver poesia
Haverá salvação...