Poema em série
Poema da métrica perfeita.
Da rima rarefeita.
Dentro da arquitetura da alma.
A palavra de prata se
encaixa no silêncio de ouro
com maestria e calma.
Ergue-se poema concreto
Cinza da cor do cinzento
Que se constrói de miragem
Como enigma secreto
repleto de fermento
A crescer por dentro
em ritual metafísico.
Um poema fictício.
Sem palavras ou gestos.
Feito de olhares e sentimento.
Poema encharcado de mingau das almas
Batizado na bacia das almas
Inscrito feito tatuagem invisível
nas entrelinhas dos romances.
Poema do alto da torre
Vigia-te.
Atrela-te ao destino,
ao abismo à espreita
do primeiro passo,
do primeiro silêncio torpe.
Eis que o poema se
apresenta onipotente.
Onipresente.
Está em tudo e, em todos.
Nos toldos e no sol.
E, acanhado na sombra a
irrigar a semente
que floresce numa
primavera proibida.