Céu confuso
Lá fora a primavera quente
a torrar as flores
a evaporar todos os odores.
Há uma nesga luzidia
Há uma nesga de sombra e melancolia.
Por entre os raios
compadecem-se os sentidos.
A alma fugiu.
O corpo feneceu.
A palavra emudeceu.
Somente a poesia resignada.
Permaneceu
Em seu lirismo tácito.
Em seu liberdade cênica.
E, então, finalmente,
a primavera floresceu.