"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

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Felicidade e divagações

Felicidade e divagações

 

O que é felicidade? Provavelmente, cada pessoa que resolver responder a esta pergunta apresentará uma resposta própria, pois a felicidade, num certo sentido, é algo individual, pessoal e intransferível.

 

Por outro lado, há uma ideia de felicidade que pertence ao senso comum e é compartilhada pela esmagadora maioria das pessoas: felicidade é ter saúde, amor, dinheiro suficiente, etc. Além disso, a ideia de felicidade não é uma coisa recente. Com certeza, ela acompanha o ser humano há muito tempo e faz parte de sua história.

 

Sendo assim, é possível traçar a evolução histórica dessa ideia, se nos debruçarmos sobre a disciplina que sempre se dedicou a investigar nossas ideias, de modo a a disciplina que sempre se dedicou a investigar nossas ideias, de modo a defini-las e esclarecê-las: a filosofia.

 

Na verdade, a ideia de felicidade tem grande importância para a origem da filosofia. Ela faz parte das primeiras reflexões filosóficas sobre ética, que foram elaboradas na Grécia antiga. Vamos, então, acompanhar a evolução histórica dessa ideia fazendo uma viagem pela história da filosofia.... -

 

A referência filosófica mais antiga de que se dispõe sobre o tema é um fragmento de um texto de Tales de Mileto, que viveu entre as últimas décadas do século VII a.C. e a primeira metade do século 6 a.C. Segundo ele, é feliz “quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada”. Vale atentar para a expressão “boa sorte”, pois disso dependia a felicidade na visão dos gregos mais antigos....

 

Bom demônio

Em grego, felicidade se diz “eudaimonia”, palavra que é composta do prefixo “eu”, que significa “bom”, e de “daimon”, “demônio”, que, para os gregos, é uma espécie de semideus ou de gênio, que acompanhava os seres humanos. Ser feliz era dispor de um “bom demônio”, o que estava relacionado à sorte de cada um. Quem tivesse um “mau demônio” era fatalmente infeliz.... -

 

Não há dúvida de que, entre os séculos 10 a.C. e 5. a.C, o pensamento grego tende a considerar os maus demônios mais frequentes do que os bons e apresentar uma visão pessimista da existência humana. Não é por acaso que os gregos inventaram a tragédia.

 

Uma expressão radical desse pessimismo nos é fornecido por um velho provérbio grego, segundo o qual “a melhor de todas as coisas é não nascer”.Foi a filosofia que rompeu com essa visão pessimista e procurou estabelecer orientações para que o homem procurasse a felicidade. Demócrito de Abdera (aprox. 460 a.C./370 a.C.) julgava que a felicidade era “a medida do prazer e a proporção da vida”.

Para atingi-la, o homem precisava deixar de lado as ilusões e os desejos e alcançar a serenidade. A filosofia era o instrumento que possibilitava esse processo.

 

Virtude e justiça

Sócrates (469 a.C./399 a.C.) deu novo rumo à compreensão da ideia de felicidade, postulando que ela não se relacionava apenas à satisfação dos desejos e necessidades do corpo, pois, para ele, o homem não era só o corpo, mas, principalmente, a alma.

 

Assim, a felicidade era o bem da alma que só podia ser atingido por meio de uma conduta virtuosa e justa. Para

Sócrates, sofrer uma injustiça era melhor do que praticá-la e, por isso, certo de estar sendo justo, não se intimidou nem diante da condenação à morte por um tribunal ateniense. Cercado pelos discípulos, bebeu a taça de veneno que lhe foi imposta e parecia feliz a todos os que o assistiram em seus últimos momentos.

 

Entre os discípulos de Sócrates, Antístenes (445 a.C./365 a.C.) acrescentou um toque pessoal à ideia de felicidade de seu mestre, considerando que o homem feliz é o homem autossuficiente. A ideia de autossuficiência (que, em grego, se diz “autarquia”,) continuará diretamente vinculada à de felicidade nos setecentos anos seguintes....

 

Uma função da alma

 

Mas o maior discípulo de Sócrates, que efetivamente levou a especulação filosófica adiante de onde a deixara seu mestre, foi Platão (427 a.C./347 a.C.), o qual considerava que todas as coisas têm sua função. Assim, como a função do olho é ver e a do ouvido, ouvir, a função da alma é ser virtuosa e justa, de modo que, exercendo a virtude e a justiça, ela obtém a felicidade....

 

É importante deixar claro que noções como virtude e justiça integram uma vertente do pensamento filosófico chamada Ética, que se dedica à investigação dos costumes, visando a identificar os bons e os maus.

Para Platão, a ética não estava limitada aos negócios privados, devendo ser posta em prática também nos negócios públicos. Desse modo, o filósofo entendia que a função do Estado era tornar os homens bons e felizes.

 

A ligação entre ética e política estará ainda mais definida na obra do mais importante discípulo de Platão, Aristóteles (384 a.C./322 a.C.), o qual dedicou todo um livro à questão da felicidade: a “Ética a Nicômaco” (que é o nome de seu filho, para quem o livro foi escrito).

 

Amigo de Platão, mas, em suas próprias palavras, “mais amigo da verdade”, Aristóteles criticou o idealismo do mestre, reconhecendo a necessidade de elementos básicos, como a boa saúde, a liberdade (em vez da escravidão) e uma boa situação socioeconômica para alguém ser feliz.

 

Felicidade intelectual.

 

Por outro lado, a partir de uma série de raciocínios que têm como base o fato de o homem ser um animal racional, Aristóteles conclui que a maior virtude de nossa “alma racional” é o exercício do pensamento, pelo que, segundo ele, a felicidade chega a se identificar com a atividade pensante do filósofo, a qual, inclusive, aproxima o ser humano da divindade

 

Sem perder de vista a aplicação prática de suas ideias, Aristóteles considera a política como uma extensão da ética e, nesse sentido, para ele também é uma função do Estado criar condições para o cidadão ser feliz. O Estado que o filósofo tinha em mente, porém, era a “polis” grega, que, naquele momento, estava deixando de existir, ...

 

Depois de Alexandre, no mundo grego ou helênico, desenvolveram-se três escolas filosóficas que vão se estender até o fim do Império romano, as chamadas filosofias helenísticas. Todas elas, por caminhos diferentes, chegam à conclusão de que, para ser feliz, o homem deve ser não só autossuficiente, mas desenvolver uma atitude de indiferença, de impassibilidade, em relação a tudo ao seu redor.

 

A felicidade, para eles, era a “apatia”, palavra que, naquela época, não tinha o sentido patológico que tem hoje. Prazer e salvação da alma Entre os filósofos do mundo helênico, pode-se citar Epicuro (341 a.C./271 a.C.), para deixar claro que essa ideia de “apatia” não significa abdicar ao prazer....

 

O prazer era essencial à felicidade para Epicuro, cuja filosofia também é conhecida pelo nome de hedonismo (em grego “hedone” quer dizer “prazer”). Mas ele deixa claro, numa carta a um discípulo, que não se refere ao prazer “dos dissolutos e dos crápulas” e sim ao da impassibilidade que liberta de desejos e necessidades.

Com o fim do mundo helênico e o advento da Idade Média, a felicidade desapareceu do horizonte da filosofia. Estando relacionada à vida do homem neste mundo, ela não interessou aos filósofos cristãos como Agostinho de Hipona (354 d.C./430 d.C.), Anselmo de Canterbury (1033/1109) ou Tomás de Aquino (1225/1274), todos santos da Igreja católica.

 

Para a filosofia cristã, mais do que a felicidade, o que conta é a salvação da alma. Os filósofos voltaram a se debruçar sobre o tema na Idade Moderna. John Locke (1632/1704) e Leibniz (1646/1716), na virada dos séculos XVII e XVIII, identificaram a felicidade com o prazer, um “prazer duradouro”.

Algumas décadas depois, o filósofo iluminista Immanuel Kant (1724/1804), na obra “Crítica da razão prática” definiu a felicidade como “a condição do ser racional no mundo, para quem, ao longo da vida, tudo acontece de acordo com o seu desejo e vontade” ....

 

Direito do homem

 

No entanto, para Kant, como a felicidade se coloca no âmbito do prazer e do desejo, ela nada tem a ver com a Ética e, portanto, não é um tema que interesse à investigação filosófica. Sua argumentação foi tão convincente que, a partir dele, a felicidade desapareceu da obra das escolas filosóficas que o sucederam.

 

Mesmo assim, não se pode deixar de mencionar que, no mundo de língua inglesa, na mesma época de Kant, a ideia de felicidade ganhou lugar de destaque no pensamento político e buscá-la passou a ser considerada um “direito do homem”, como está consignado na Constituição dos Estados Unidos da América, que data de 1787 e foi redigida sob a influência do Iluminismo... -

 

 

 

Egocentrismo e infelicidade

 

É também no âmbito da filosofia anglo-saxônica, no século 20, que se encontra uma nova reflexão sobre nosso assunto. O inglês Bertrand Russell (1872/1970) dedicou a ele a obra “A conquista da felicidade”, usando o método da investigação lógica para concluir que é necessário alimentar uma multiplicidade de interesses e de relações com as coisas e com os outros homens para ser feliz. Para ele, em síntese, a felicidade é a eliminação do egocentrismo....

 

Mais recentemente, em 1989, o filósofo espanhol Julián Marías também dedicou ao tema um livro notável, “A felicidade humana”, em que estuda a história dessa ideia, da Antiguidade aos nossos dias, ressaltando que a ausência da reflexão filosófica sobre a felicidade no mundo contemporâneo talvez seja um sintoma de como esse mesmo mundo anda muito infeliz....

 

 

 

Eudemonismo (do gr. eudaimonia: felicidade) Doutrina moral segundo a qual o fim das ações humanas (individuais e coletivas) consiste na busca da felicidade através do exercício da virtude, a única capaz de nos conduzir ao soberano bem, por conseguinte, à felicidade.

 

É essa identificação do soberano bem com a felicidade que faz da moral de Aristóteles um eudemonismo; também a moral provisória de Descartes pode ser entendida como um eudemonismo (que não se deve confundir com hedonismo).

 

Felicidade (lat. felicitas)

1. Estado de satisfação plena e global de todas as tendências humanas.

2. Entre os gregos, a busca da felicidade estava vinculada à procura do bem supremo e da virtude.

Aristóteles faz da felicidade "a atividade da alma dirigida pela virtude", isto é, pelo exercício da virtude, e não da simples posse.

3. Kant critica as concepções que depositam a felicidade nos sentidos ou que fazem dela um objeto da razão pura. Para ele, "a felicidade é sempre uma coisa agradável para aquele que a possui", mas ela supõe, "como condição, a conduta moral conforme a lei".

 

Em nossos dias, os filósofos da liberdade declaram que "não há moral geral" (Sartre), mas escolhas de existência. A felicidade não é mais um fim a ser atingido, mas uma função cíclica e intermitente, só surgindo na medida em que a afirmamos.

 

Por sua vez, podemos falar da felicidade sem considerar a forma da sociedade em que ela se manifesta: "Freud estabeleceu o vínculo profundo entre a liberdade e a felicidade humana, de um lado, e a sexualidade.

 

Do outro: a sexualidade fornece a fonte original da felicidade e da liberdade e. ao mesmo tempo. a razão de suas restrições necessárias na civilização" (Herbert Marcuse). Assim, para Freud, "a felicidade não é um valor cultural": está subordinada às exigências do trabalho e da produção. Ver bem: contemplação.

 

Conceitos: "Urna vida feliz é impossível sem a sabedoria, a honestidade e a justiça, e estas, por sua vez, são inseparáveis de uma vida feliz" (Epicuro). "Ser feliz é necessariamente o desejo de todo ser racional, mas finito; portanto, é inevitavelmente um princípio determinante de sua faculdade de desejar" (Kant). "Para sermos felizes, precisamos pensar na felicidade do outro" (Bachelard).

 

Hedonismo (do gr. hedoné: prazer) I. Nome genérico das diversas doutrinas que situam o prazer como o soberano bem do homem ou que admitem a busca do prazer corno o primeiro princípio da moral: a doutrina dos cirenaicos. 2. Num sentido mais estrito, o hedonismo pode ser entendido corno um pensamento egocêntrico e egoísta, preocupado apenas com os prazeres.

 

O fenômeno atual do consumismo, frequentemente acompanhado de uma certa preguiça intelectual e moral, ilustra esse modo de pensar. Enquanto se opõe às morais tradicionais do esforço e da renúncia, o hedonismo constitui o modo de pensar de certos discípulos de Nietzsche. Não o confundir com epicurismo, para o qual a felicidade consiste na total ausência de perturbação (ataraxia).

 

Kierkegaard, Soren Aabye (1813-1855) Pensador romântico e precursor do existencialismo contemporâneo, Kierkegaard nasceu em Copenhague, Dinamarca, onde estudou filosofia e teologia. Profundamente marcado por angústias pessoais e familiares às quais se somou a crise provocada pelo rompimento de seu noivado com Regina, Kierkegaard desenvolveu um pensamento indissociável de sua vida pessoal e de seus sentimentos trágicos. Atacou o cristianismo e especialmente o luteranismo de sua pátria, valorizando contra a religião estabelecida a vivência da religiosidade.

 

Combateu o hegelianismo e a metafísica especulativa, por seu caráter abstrato e sua busca do universal, defendendo a necessidade de uma "filosofia existencial". Seu estilo é irônico e polêmico, porém também poético, embora sem nenhuma preocupação teórica ou sistemática, muito distante da forma tradicional do tratado filosófico de sua época, tendo sido quase todas as suas obras publicadas sob pseudônimo.

 

Para Kierkegaard, o homem é um ser que se caracteriza pelo desespero que se origina das contradições de sua existência e de sua distância de Deus: "o homem é uma síntese de infinito e de finito, de temporal e de eterno, de liberdade e de necessidade" (Desespero humano).

 

Em sua obra Estágios do caminho da vida (1845), formula uma doutrina de três níveis de consciência, o estético, no qual o indivíduo busca a felicidade no prazer, cuja fugacidade, entretanto leva ao desespero inevitável; o ético, em que procura alcançar a felicidade pelo cumprimento do dever, sendo, no entanto, condenado ao eterno arrependimento por suas faltas; e finalmente, o religioso, em que o homem busca Deus, entretanto a verdadeira fé é a angústia da distância de Deus.

 

Dentre suas obras destacam-se ainda: Ou ... ou (1843), Tremor e terror (1843), O conceito de angústia (1844), as Migalhas filosóficas (1844) e o Diário, escrito ao longo de vários anos. E significativa a influência de Kierkegaard no existencialismo contemporâneo. sobretudo em Heidegger, bem como na renovação da teologia, principalmente protestante. que se dá cm nosso século com Karl Barth e a "teologia dialética" ou "teologia da crise".

 

Messianismo (do aramaico meschîkha: ungido ou escolhido) I.

Na religião judaica, crença no Messias, o enviado de Deus, que teria como missão a libertação do povo judeu do domínio estrangeiro, sua condução à Terra Prometida e à vida em paz.

 

Para os judeus, o Messias ainda não chegou; para os cristãos, já esteve entre nós na pessoa de Jesus e voltará novamente no fim dos tempos. 2. Em um sentido genérico, crença em um líder carismático que seria capaz de "salvar" seu povo e conduzi-lo à felicidade e à glória.

 

Em nossos dias, o messianismo designa a tendência coletiva de esperar "tudo" da atividade de um único homem dotado de poderes carismáticos e considerado como capaz de trazer a "salvação" ou de mudar os rumos da história.

 

Pirro (c.365-275 a.C.) O filósofo grego Pirro de Elida foi o fundador do *ceticismo propriamente dito.

Sua doutrina, eminentemente prática, pode se resumir nas seguintes proposições:

a) sobre todas as coisas, devemos suspender nosso juízo, nada devemos afirmar ou negar (é a dúvida universal dos sofistas);

b) tudo o que se apresenta como verdade não passa de hábito e convenção;

c) precisamos distinguir entre os fenômenos e as causas incognoscíveis: é indiscutível que sinto o gosto do mel, mas não posso apreender a relação entre minha sensação e a natureza do mel;

d) consequência prática: a indiferença absoluta em relação a tudo, uma vez que nada é bom ou mau em si, não há lugar para preferir uma coisa à outra; tudo é indiferente, eis o segredo da felicidade.

 

Política (lat. politicos, do gr. politikós) tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade, aos negócios públicos.

 

A filosofia política é assim a análise filosófica da relação entre os cidadãos e a sociedade. as formas de poder e as condições em que este se exerce, os sistemas de governo, e a natureza, a validade e a justificação das decisões políticas. Segundo Aristóteles, o homem é um animal político. que se define por sua vida na sociedade organizada politicamente.

 

Em sua concepção. e na tradição clássica em geral, a política como ciência pertence ao domínio do conhecimento prático e é de natureza normativa, estabelecendo os critérios da justiça e do bom governo. e examinando as condições sob as quais o homem pode atingir a felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua existência coletiva.

 

A República de Platão e a Política de Aristóteles estão entre as obras mais famosas da tradição filosófica sobre política. podendo-se incluir ainda “O príncipe” (1512-1513) de Maquiavel, “O leviatã” (1651) de Hobbes, o “Segundo tratado do governo” (1690) de Locke, “O contrato social” (1762) de Rousseau, a “Filosofia do direito” (1821) de Hegel, “O capital” (1867) de Marx e Engels. E o Tratado Sobre a liberdade” (1859) de Stuart Mill, todos considerados obras clássicas na formação da teoria política.

 

Smith, Adam (1723-1790) Filósofo e economista escocês, professor na Universidade de Glasgow, considerado o fundador da economia política liberal em razão de sua obra Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (1776). Pensador otimista, acreditava que a verdadeira fonte da riqueza reside no trabalho, sendo que a quantidade de trabalho necessária à produção de uma mercadoria determina seu valor de troca.

 

Para ele, a busca do interesse individual concorre para a felicidade comum da sociedade. porque o sistema econômico não depende da boa vontade, mas das vantagens que todo indivíduo deve esperar de seu trabalho.

Contrariamente aos fisiocratas, Smith afirmava que a divisão internacional do trabalho, a livre troca e a concorrência favorecem a produção.

 

Acreditava em uma "mão invisível" que regularia o funcionamento do mercado econômico, fazendo com que a economia se autoajustasse. Teve grande influência em sua época, na prática política e econômica, bem como no desenvolvimento teórico do liberalismo através de pensadores como David Ricardo.

Foi amigo de Hume. *Marx criticou duramente seu sistema econômico, sobretudo sua tese concernente ao "valor do trabalho".

 

Outra obra importante: Teoria dos sentimentos morais (1759). na qual faz da simpatia o fundamento da moral. Ver liberalismo; mais-valia. Suárez, Francisco (1548-1667) jesuíta, teólogo e filósofo escolástico espanhol (nascido em Granada) Francisco Suárez foi professor de teologia e de direito nas universidades espanholas. Defendia Francisco Suárez a ideia segundo a qual a vida em sociedade organizada é a condição do desabrochamento completo do potencial moral dos homens.

 

Em “De legibus e em Defensio fadei”, proclama que o Estado é um organismo moral regido por um consenso ou acordo entre suas partes. A autoridade do governo é seu poder legislativo, mas ela se origina do consenso do conjunto. Os reis nada mais são do que "ministros da República". Toda vida social exige o Estado.

 

Os povos são livres para delegar o poder e para decidir sobre a constituição. O direito constitucional é o mais importante. O fim da instituição política é "a felicidade da comunidade". É injusta toda autoridade que governa contra o bem comum.

 

Assim, o poder monárquico deve estar condicionado a três limites: a) à felicidade da comunidade: b) às leis da Igreja e aos imperativos da autoridade religiosa; c) ao direito internacional (fundado no jus gentium) necessário à organização pacífica da humanidade. Escreveu também Disputationes metaphysicae, 2 vols. (1597), De virtute et statu religionis, 4 vols. (1608-1625), De divina gratia, póstuma (1620).

 

Utilitarismo (do ingl. utilitarianism) Doutrina ética defendida sobretudo por J. Bentham e J. S. *Mill. Na definição de Mill, "as ações são boas quando tendem a promover a felicidade, más quando tendem a promover o oposto da felicidade". As ações, boas ou más, são consideradas assim do ponto de vista de suas consequências, sendo o objetivo de uma boa ação, de acordo com os princípios do utilitarismo, promover em maior grau o bem geral.

 

As críticas ao utilitarismo geralmente apontam para a dificuldade de se estabelecer um critério de bem geral, para o fato de que essa doutrina aceita o sacrifício de uma minoria em nome do bem geral, e para a não-consideração das intenções e motivos nos quais a ação se baseia, levando em conta apenas seus efeitos e consequências.

 

Referências:

Abbagnano, Nicola - "Dicionário de Filosofia", Martins Fontes, São Paulo, 2000.

Berti, Enrico - "No princípio era a maravilha", Loyola, São Paulo, 2010.

Marías, Julián - "A felicidade humana", Duas Cidades, São Paulo, 1989....

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/12/2023
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