O poeta é o vidente que enxerga. Percorre longo caminho, por vezes, insensato, repleto de desregramento e ilusões. Arthur escreveu para sua irmã Aden e narrava a dor de ter um sonho perdido. O quão árido é viver num lugar sem árvore, nem mesmo seca, nem reles plantas e sem rios ou beleza. Arthur por mais de uma década se tornara um errante e perambulo pelo deserto, entre a Etiópia e o Egito e, até parou de escrever sua bela poesia. Teve um tumor no joelho que depois acarretaria a amputação de sua perna, e, então, volta a escrever. Sua poesia era linda e triste. Cogitava da essência humana, vasculhava a alma e passeava entre místicos, ateus e solitários. Quando viu, pela última vez, sua irmã Aden, afirmou que era notável passante e que a vida por mais dura que fosse traduzia o infinito em diversos caminhos. A poesia de Arhtur trazia a magia da vida e, quase todos os andarilhos do mundo o invejavam. Fosse por seu lirismo pungente, fosse porque encarnava a poesia viva a redesenhar o céu, as estrelas e, ainda traduzir a caligrafia das nuvens. Aden guardou todas as cartas do irmão. E, quando ele faleceu achou que valia a pena publicá-las... A iluminação intensa de Arthur cegava, por vezes, as pessoas ao seu redor... era mal compreendido e, até odiado... Havia nele uma "nobreza em negativo", clamava a verdade em ser puramente superior a qualquer encanto, ou mesmo amor. Seu valor primaz era a subversão, pois a boa sociedade reinante era cruel, atroz e semeava a indignidade de despir de respeito as diferenças culturais, educacionais, sociais, geográficas e, principalmente, históricas... Afinal, o tempo e espaço eram coordenadas que esculpiam a todos. Arthur não pretendia mudar o mundo, apenas mudar a vida... As últimas palavras de Arthur foram em seu francês impecável: - La vie est Ia farce à mener par tous (A vida é a piada a ser feita por todos). Que riam vocês mas, em silêncio.