Era recinto composto de muitas paredes brancas, um silêncio feito névoa caia sobre nós. As cortinas também brancas bailavam ao sabor dos ventos que uivavam lá fora esperando a lua aparecer... Depois, no cair da tarde, o alaranjado ia se ruborescendo e, depois viam aquele tom de lilás e depois roxo... O dia morria e, a noite nascia... Saia o sol e, despontava a solitária lua ornada de estrelas. Algumas cadentes enquanto que outras eram frias e fixas. Sentei-me junta à janela para angariar as últimas brisas. E, com a noite, penetrava-me uma seriedade dolorida. Afinal, aquilo iria ser um velório. E, condiz que um funeral seja triste. Mas, o corpo do morto não chegara ainda... iria ser transportado com toda pompa e circunstância. O que nos deixava perplexos e combalidos... Afinal, um dia morrermos todos... Não será uma catástrofe, apenas o fechamento de um ciclo...  Depois a lápide indicaria o nome e a data. Dois últimos registros, como se fossem uma poesia enigmática. Sem explicações nem nota de rodapé... Alguém me disse, certa feita, que minhas notas de rodapé eram poéticas... Espero que seja um elogio... Pois fiz poesia impunemente. Enfim, trouxeram o cadáver... vieram as lágrimas e rezas. E, o silêncio se instaurou por entre as pétalas das flores que assistiam tudo em sua derradeira primavera.