Fome de poesia.
Fome de rima
Fome de lirismo.
Olho para o céu
E a lua me comove.
Seduz e pronuncia-se
Tenho fome de vida
Tenho sede de alegria
Vivo num deserto de almas
Só há areia e solidão.
Fome de empatia
Fome de humanidade
Fome de dignidade.
Como podem nos ignorar?
Como podem todos os dias
nos vitimar por nossas misérias?
ou, por conta de antigas mazelas
Passa uma nuvem aquartelada
Segue reta e altaneira
Projeta sombras e bandeiras
Mais parece uma martelada.
Tenho perdão disponível
no banco da memória.
Tenho saudade creditada
na retórica.
Tenho tantas coisas e
nada tenho
Pois, a escassez de tempo e
a dinâmica do cimento
só faz engessar o sentimento.
Fome de afeto
Que nos faz catar migalhas
e beber orvalhos como se fosse inseto.
Agora num traço qualquer
Numa palavra sutil,
sou apenas uma mulher
dotada de mente fértil.
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