Olha o passarinho!
O retrato ressurgiu na arte europeia a partir do Renascimento estando vinculado ao desenvolvimento da cultura humanista. O humanismo renascentista veio a resgatar alguns elementos próprios da Antiguidade que estiveram adormecidos por longo tempo, durante o período medieval. Entre esses elementos está o individualismo, a ideia de ver a si mesmo como ser único, dotado de características peculiares, ao contrário da visão medieval que reforçava muito a integração com a coletividade, fosse raça, povo ou corporação. Com tal novo reconhecimento, os rostos humanos ganham feições próprias. O retrato de família que mais gosto é de minha avó e meu avô. O casal ostentava bem o status vivido na época, a prevalência do patriarca e, a mulher ao lado em franca secundariedade. O retrato é sempre um flash da sociedade e aponta as tendências sutis ou não que denunciam todo um contexto. Em pleno século XXI, assistindo os índices de feminicídio aumentar, a violência doméstica contra a mulher e, tantas outras práticas vis que tanto nos desumanizam... Nós mulheres que parimos nossos filhos e filhas e, continuamos a sofrer toda sorte de misoginia, discriminação e preconceito. Ainda bem que a mulher atual é aquela que assumiu papéis de autoridade, liderança e influência na sociedade, mas continua "carregando a casa que chama de lar" literalmente nas costas. Mas, permanece o retrato ser registro cognitivo e intelectual. É bom não esquecer que todos nós, sem distinção de gênero faz jus à dignidade humana.