No deserto das palavras
A semântica abandonada
diante da fonética tácita.
Ergue-se o signo indignado.
E com a estética esculpida.
Deixa no corpo, a alma
Eremita perdida entre
as primaveras.
O resto são apenas saudades.
São memórias em flashes.
São delicadezas dúbias...
perdidas
no deserto das palavras.
Eis que o grão de areia
ressuscita a vida,
mensura o tempo na ampulheta.
Escorre lânguida pela fresta.
Há uma novela contemporânea.
Feita por narrador onisciente.
Que vê tudo, que descreve tudo
Porém, não revela nada...
Eis que o grão de areia
Minimalista traduz o instante.
Eis que a molécula
denuncia a célula
que, por sua vez, passa
voando nas asas da libélula
Só para libertar o exorbitante...
O deserto ficou.
A estética faliu.
As primaveras passaram...
Mas o brilho do grão de areia
se enterneceu...
Diante de olhos extasiados.