Homenagem à Agripino Grieco
Havia uma sombra lenta e invasora. Descia por entre as montanhas, entre as flores e, até entre as almas.
A noite, com as estrelas o universo conspirava desejoso em ter todos os amores possíveis enfeitados por uma lua religiosa.
Distante um velho jardim adormecia em silêncio e treva, os insetos sobrevoavam a procura de alimento ou de auréola que cinge os santos ou anjos. Num canto do jardim, uma cotovia cantava tristemente e tecia a eterna sinfonia que dava vontade de suspirar.
Uma flauta primaveril embalava o fauno. Em meus lábios, um sorriso misterioso e dúbio quase esquadrinhava um mistério, se não fossem as reticências a denunciar o mefistofélico objetivo. Com tempo a brutalidade corrói a estátua. Corrói os ossos e transforma enchentes e rios em desertos. A mutilação vira ferida que cicatrizada que mais parecia uma medalha gloriosa.
Nas chagas da poesia, a rima é aleatória. A sílaba e a fonética conspiram juntas a derrubar a lógica e a inexpugnável razão de ser, de sobreviver e envelhecer...
Nas sombras da visão, nas trevas luminosas e, principalmente, no entardecer... Os raios laranjas me lembrava da vitamina C.