Duelo
Eu sempre fui positiva. Altiva e proativa.
Você sempre foi negativo. Retraído e acabrunhado.
Eu dizia o que pensava...
Você pensava muito sem nada falar...
Seu silêncio era expressivo.
Meu silêncio era opressivo.
As vezes, eu me sentia numa arena
Duelando com o seu jeito e personalidade.
Esse duelo de cartas marcadas.
De genética programada,
de sentimentos assertivos e memórias vagas.
Reticências preenchem os oceanos de ideias.
Por vezes, eu via sabedoria em você.
Por vezes, via apenas medo.
Reservas e recuos.
Queria entender e ajudar.
Ser afável e acessível.
Mas, você radicando no píncaro inescalável.
Ou mergulhado no profundo da alma
sem boia ou sem saber nadar.
Ninguém se afoga na alma.
Nem no silêncio.
As palavras virão.
As semânticas amadurecerão.
Os frutos e as flores terão sua estação.
E, eu aqui a teorizar a metafísica.
A concretizar a teoria.
Esquadro sem ângulos
Reta infinita.
Paralelos que se encontram.
Paradoxos que se respondem.
Complementam-se em silêncio e
em segredo.
Nosso duelo particular
se resolvia apenas com
troca de olhares.