Tango frio BVIW
Dentro da história existem várias versões. Sobre a verdade onde está? Ah... isso pode requerer imersões no inconsciente, na geografia, na história e, até, na genética. Como podemos começar? Juliet era filha de franceses que fugiram para aqui por conta da Segunda Guerra Mundial. Como eram judeus e, com o nazismo predominante no Velho Mundo foi uma saída para a sobrevivência. Apesar de descendência francesa, ela cresceu aqui no Brasil. E, se adaptou bem a cultura local. Já os pais, sempre se sentiam ressentidos por deixar para atrás tanta coisa preciosa e inesquecível. Juliet formou-se em engenharia civil, adorava o que fazia. Não obstante os pais, acreditarem ser uma profissão pouco feminina. Iria representar a empresa num projeto na Argentina, quando ela conheceu Pablo, outro engenheiro. Foi amor à primeira vista. Mas, a tarefa acabou e, Juliet despediu-se de Pablo com frieza europeia tradicional. Voltou ao Brasil. Aliás, nunca confessou que achava dançar o tango algo espalhafatoso e ridículo... A latinidade dos argentinos é mais gritante que a dos brasileiros. Pablo ligava para Juliet, mandava presentes e toda sorte de mimos. Por sua vez, Juliet permaneceu impávida e indiferente. Afinal, seria um romance sem oportunidade de ser promissor. O que achou de interessante no Pablo foi apenas movido por curiosidade, além de ele ser meio alegórico... e, ter uma risada inesquecível... Dentro da história, o tempo passou e o namoro feneceu. E, Juliet ficou solteirona e sem filhos. Não se arrependia, mas sentia falta da juventude e, da sensação alegre do amor. Nunca mais se falaram. É como afirma o provérbio árabe: a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro.